O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), Celestino Loro, fez um discurso contundente na abertura da RA CIC desta quarta-feira (8) em defesa da liberdade de expressão. O tema da RA CIC era a jornada ESG, com o advogado Fabricio Soler.
— A ninguém é dado o direito e a prática de calar qualquer pessoa, pois isso é uma arbitrariedade — destacou Loro (confira os principais trechos de sua manifestação abaixo).
O presidente da CIC foi movido por "episódios de grande repercussão vivenciados nas últimas semanas aqui na nossa região".
— E lamentavelmente aqui em nossa região — realçou Loro.
— Demonstram intolerância e uma perigosíssima destruição de nosso ambiente institucional. É livre a manifestação do pensamento.
Loro não citou explicitamente os "episódios vivenciados nas últimas semanas na região". Não é difícil identificá-los: a suspensão da visita, para uma palestra em Bento Gonçalves, do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e a tentativa de boicote anunciada em redes sociais à Cooperativa Vinícola São João, de Farroupilha, e uma de suas associadas, a Castellamare, que tinha representante em encontro da Fecovinho com os pré-candidatos ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, a quem foram entregues cestas com produtos da cooperativa.
Loro também entende que cassação de deputado deve ser prerrogativa do Congresso. Esta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou decisão pela cassação de um deputado bolsonarista do Paraná acusado de propagar fake news na última eleição.
Principais trechos da manifestação do presidente da CIC, Celestino Loro
"Um tema que tem tudo a ver com a construção de um ecossistema saudável. Refiro-me ao ambiente político brasileiro. Lá no art. 5 inciso 4º de nossa Constituição de 88 está escrito: "É livre a manifestação do pensamento". Esta norma constitucional está entre as chamadas liberdades públicas é um direito fundamental de todos nós cidadãos. A ninguém é dado o direito e a prática de calar qualquer pessoa, pois isso é uma arbitrariedade. Inseridos num contexto de conflito de âmbito nacional os episódios de grande repercussão vivenciados nas últimas semanas aqui na nossa região — lamentavelmente aqui em nossa região — demonstram intolerância e uma perigosíssima destruição de nosso ambiente institucional. Repito: É livre a manifestação do pensamento. Ou seja, não posso retirar o seu direito de falar, bem como eu quero ter o meu direito de discordar assegurado. Isso é democracia, todo o resto é intolerância.
Na democracia, funciona assim. Toda e qualquer pessoa e instituição, incluindo o Supremo Tribunal Federal, os chefes de Estado ou de qualquer outro poder, podem ter seus pontos de vista questionados. Isso é democracia. Pessoas inteligentes optam pelo uso de argumentos. E se enganam aqueles que ao contrário pensam ser bem sucedidos ao resolver qualquer diferença de forma arbitrária. Além do mais, não podemos ignorar o fato de que a diversidade de pensamento contribui para o bom entendimento dos cenários e o fortalecimento do nosso tecido social. O momento nos pede serenidade, muita serenidade, espírito constitucional. E principalmente, um pouco mais de nível no nosso debate político. O Brasil e os brasileiros não merecemos algumas coisas que presenciamos quase que diariamente. Já basta de lacração, de polarização de ambos os lados. Não se constrói uma sociedade desta maneira. Precisamos saber respeitar a liberdade de expressão em todos os ambientes e em todos os âmbitos."