Apenas uma concorrente se interessou em participar do leilão do Bloco 3, que inclui rodovias da Serra Gaúcha e Vale do Caí. É o Consórcio Integrasul, formado pelas empresas Silva & Bertoli Empreendimentos e Participações Societárias SA e Gregor Participações Ltda, ambas paranaenses. A proposta, com suas garantias, foi entregue quinta-feira (07), e o envelope será aberto na data do leilão, dia 13 de abril, na Bovespa. O Consórcio Integrasul foi uma das quatro empresas participantes do leilão da RS-287, que liga Tabaí a Santa Maria, em dezembro de 2020, vencido pelo consórcio da espanhola Sacyr. Na oportunidade, o Integrasul ofereceu a segunda melhor proposta, com deságio de 35%.
A Silva & Bertoli é de Curitiba e informa sua atividade econômica principal como holding de instituições não financeiras e tem atuação em pelo menos oito Estados. Já a Gregor é de Araucária (PR) e a atividade principal é aluguel de imóveis próprios, mencionando a atuação como holding de instituições não financeiras como atividade secundária.
A definição de uma única concorrente projeta a futura concessionária para as rodovias do Bloco 3, uma vez que foi atestado pela Subsecretaria Central de Licitações (Celic RS) que "as referidas concorrentes (o Consórcio Integrasul) e respectivas participantes credenciadas efetuaram regularmente a entrega dos volumes 1, 2 e 3, nos termos do edital".
O cenário é bem diferente do leilão para a 287, quando havia três empresas brasileiras e uma estrangeira na disputa. O programa de concessões no Bloco 3 abrange 271,5 quilômetros de rodovias estaduais, mas há 13 quilômetros pendentes que dependem da chamada estadualização da BR-470, no trecho entre Carlos Barbosa e o acesso ao Vale dos Vinhedos. A previsão total de investimentos para o bloco é de R$ 3,4 bilhões, com todas as obras executadas nos sete primeiros anos.
O governo do Estado não se manifestou sobre o andamento do leilão. Contatado pela coluna, o secretário de Parcerias do RS, Leonaro Busatto, limitou-se a dizer:
— Como estamos em pleno processo de licitação, em formato de leilão, não podemos nos manifestar oficialmente neste momento, sob pena de prejudicar o processo.
Por que houve menos empresas
O interesse de apenas uma concorrente não deixou de surpreender, levando-se em conta as quatro interessadas para a RS-287, um ano e meio atrás. Mas era previsível para o mercado. O momento não é bom no cenário econômico para o setor de rodovias. A inflação também atingiu o segmento em cheio, com disparada no preço de matérias-primas, especialmente aço e capeamento asfáltico, o que eleva o nível de investimento previsto e gera incerteza, alimentada ainda pelo ano eleitoral e a elevação das taxas de juros.
Fatores regionais
Há de se acrescentar ainda alguns outros fatores regionais, além dos macroeconômicos. O interesse deve ser maior para os blocos 1 (Região Metropolitana) e 2 (região de Lajeado), onde já existe alguma consolidação na cobrança de pedágio, histórico de VDM (volume diário médio de veículos) e onde há empresas com base operacional.
O investimento com as obras em região de serra também é maior. Além disso, a quilometragem desses dois outros blocos é maior, o que permite projetar um volume financeiro também maior. No bloco da Serra e Vale do Caí, praticamente toda a base para o negócio está por ser criada.
"Talvez com um desconto não tão relevante"
O secretário Busatto admitiu a perspectiva de um interesse menor de parte das empresas, o que acabou se confirmando. Em entrevista ao jornal Valor Econômico (07/04), ele avalia o momento do leilão:
— Decidimos manter o leilão porque avaliamos que o projeto tinha uma gordura, que permitirá retorno mesmo com os desafios. Acreditamos que haverá interesse, talvez menor do que em um ambiente de maior tranquilidade e talvez com um desconto (deságio da tarifa) não tão relevante. Se não for bem-sucedido, vamos reavaliar.
Na 287, o desconto oferecido pela Sacyr foi de 54% em relação à tarifa máxima do edital.
Em 5 dias, os valores das tarifas
O leilão do Bloco 3, das rodovias da Serra e do Vale do Caí, na próxima quarta-feira (13), em São Paulo, vai definir ou, no caso, homologar, a empresa ou consórcio vencedor do certame. Mais do que isso, tornará conhecidos os valores constantes da proposta do consórcio vencedor, a serem praticados nas praças da região.
Com cobrança em dois sentidos, é bom lembrar. Dos preços de referência estipulados, o mais alto é para a Praça de São Sebastião do Caí (R$ 9,95). Na praça de Farroupilha, a meio caminho de São Vendelino, o valor referência é R$ 8,61 e o preço mais baixo é de R$ 6,94 na praça de Flores da Cunha (já existente).
Os valores a vigorar serão mais baixos do que esses. A expectativa agora é pelo tamanho do desconto.