Confirmando as expectativas, a sessão desta quinta-feira da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul foi muito tensa. Ao fim e ao cabo, os vereadores arquivaram o parecer da Comissão de Ética que recomendava a suspensão do mandato de Estela Balardin (PT) por 30 dias pelas acusações feitas durante sessão no mês de julho ao vereador Mauricio Marcon (sem partido), de "racista, machista e homofóbico".
Mas a sessão teve muito mais componentes, significados e sinalizações, a começar por evidenciar uma derrota para Marcon que ele ainda não havia experimentado. Por extensão, foi uma derrota da chamada frente anti-PT, idealizada e capitaneada por Marcon, recentemente unificada em torno da indicação ao prefeito de um plano para desobrigar o uso de máscaras, que reuniu em uma foto seis dos oito vereadores que votaram nesta quinta pela suspensão de Estela, além do próprio Marcon, autor da denúncia. No contraponto, a líder da bancada petista, Denisa Pessôa (PT) saiu fortalecida e com o caminho pavimentado para ser escolhida presidente da Câmara em 2022.
Esses foram significados políticos da sessão. Mas houve outro extremamente importante, que proporcionou um exame intestino das práticas legislativas em curso neste primeiro ano da legislatura atual. Alguns vereadores, independente da posição que defendiam, tiveram a coragem de examinar condutas internas e de se manifestar sobre elas, sobre o debate de gênero e sobre o teor da denúncia contra Estela, o que é muito bom. Não foram todos, entretanto, o que é uma pena. Um bom grupo de parlamentares silenciou e não emitiu observação alguma. Seria importante que o fizessem, por transparência.
Mesmo assim, o debate, na forma como se conduziu, com a inestimável contribuição daqueles vereadores que foram corajosos e se manifestaram com abordagens objetivas e até cirúrgicas sobre aspectos importantes, vai produzir um novo momento na Câmara. Porque, a partir de agora, fica mais clara a posição de cada um.
Quem se posicionou
Além do grupo dos vereadores diretamente interessados e seus mais próximos – Marcon, Maurício Scalco (Novo) e a bancada petista –, manifestaram-se e posicionaram-se no debate sobre o parecer pela suspensão de Estela Balardin os seguintes vereadores: Wagner Petrini (PSB), Clovis Xuxa (PTB), Sandro Fantinel (Patriota), Gilfredo De Camillis (PSB), Felipe Gremelmaier (MDB), Elisandro Fiuza (Republicanos) e Marisol Santos (PSDB).
O parecer pela suspensão foi rejeitado por 12 votos a 8.