Acho que um dos momentos mais bonitos de qualquer cerimônia de graduação num curso superior seja o do juramento. A palavra vem do latim juramentu, que é uma afirmação solene diante de algo ou alguém, ou seja, é considerado sagrado. De fato, os recém-formados juram na frente de todos ter responsabilidade em sua carreira, honrar o diploma e respeitar todos os seres humanos por meio de sua prática profissional.
Cada faculdade tem seus próprios ritos e modelos de juramento, mas separei aqui um do curso de Jornalismo:
“Prometo, no exercício da profissão de jornalista, assumir meu compromisso com a verdade e com a informação e empenhar todos os meus atos e palavras, meus esforços e meus conhecimentos para a construção de uma nação consciente de sua história e de sua capacidade.”
Informar é um dos deveres mais dignos dentro do jornalismo, porque se aproxima de outra atuação nobre: educar. Na verdade, é inegável a importância desse compromisso de compartilhar e multiplicar saberes em várias áreas, desde política e economia, até história e cultura, geografia e ciências, saúde e bem-estar.
Diante de tantas fake news e informações inúteis correndo de mão em mão pelo WhatsApp e, infelizmente, até mesmo disseminadas por portais de grande audiência na internet, é um alento quando se percebe no dia-a-dia o impacto positivo do bom jornalismo em ação. O “causo” que vou contar aconteceu há poucos dias, mas serve de alento a todo jornalista – e a todo leitor, ouvinte e espectador – que ainda valoriza as boas práticas da imprensa.
O Litoral Norte viveu dias de mar limpo, calmo e quente, o que deixou todos os veranistas sortudos de fevereiro muito felizes, mas que também agradou certas criaturas não muito agradáveis que vivem no oceano: as águas-vivas. Há quem reclame que se trata de uma reportagem repetida todos os verões, mas as informações que são repassadas todos os anos pela imprensa educadora ajudam muita gente a lidar com esse contratempo: nada de colocar água doce, nada de tirar os tentáculos com as mãos, tratar com vinagre (que pode ser encontrado nas guaritas dos salva-vidas).
Só que uma mãe desavisada fez tudo errado: o filhinho saiu da água aos gritos, claramente com muita dor, e a primeira coisa que aquela mãe desesperada fez foi jogar água doce sobre o machucado, fazendo o guri gritar mais ainda. Uma moça que estava ao meu lado disse: “Será que ela não assistiu à reportagem sobre o que fazer? Todo mundo sabe que não pode passar água doce e que os salva-vidas têm vinagre nas guaritas”. Eu sabia, a moça sabia e acho que a maioria dos que estavam na praia sabia justamente porque um jornalista honrou seu juramento e fez seu trabalho de informar.
Mais do que um momento bonito da colação de grau, esse juramento é um compromisso com ser útil de verdade para a sociedade. Uma matéria mesmo que singela sobre o que fazer diante de uma queimadura por água-viva honra nosso juramento e este compromisso. Desinformação desonra.