Começou nesta semana uma nova fase do programa Desenrola Brasil voltada para a Faixa 1, pessoas com renda de até dois salários mínimos (R$2.640) ou que estejam inscritas no CadÚnico e que tenham dívidas negativadas até 5 mil reais. Como se sabe, o Desenrola é uma iniciativa conjunta do Governo Federal e de instituições financeiras para incentivar os endividados a renegociarem suas dívidas e limparem seu nome no mercado. Desde o mês de julho, o Desenrola vem promovendo a renegociação de dívidas de brasileiros que se encontram na Faixa 2 com renda mensal de até R$ 20 mil e cadastrados como inadimplentes até 31 de dezembro de 2022. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as renegociações de dívidas bancárias no programa Desenrola Brasil chegaram a R$ 14,3 bilhões em 10 semanas.
Sinceramente, é difícil entender como tantos brasileiros se endividaram dessa maneira. Para cada real de dívida renegociado, fico imaginando quantos reais de calote eternizado devem existir. A meu ver, existem apenas dois tipos de dívida: aquela contraída por necessidade, e a contraída por pura irresponsabilidade. O quesito “necessidade” engloba tudo que realmente é básico para se viver, principalmente alimento, saúde e moradia. Não vejo problema algum em contrair um empréstimo bancário para realizar o sonho da casa própria, por exemplo, ou para prover sua família num momento de dificuldade ou de doença.
Apenas quem é muito irresponsável acaba se endividando para pagar por algo supérfluo que não condiz com suas circunstâncias e seu potencial de crescimento e de progresso a curto prazo. Imaginem um jovem com renda de um salário mínimo que usa seu cartão de crédito para adquirir um celular que custa cinco salários mínimos. Esse mesmo jovem, provavelmente, já tem o compromisso de pagar a mensalidade de seus estudos e ajudar em casa. Além disso, provavelmente gasta em roupas, festas, passeios. Então, como ficam suas finanças pessoais? Óbvio que essa pessoa vai cair em endividamento por não saber separar o que é necessidade do que é mero capricho, com um estilo de vida além de suas reais possibilidades.
Numa casa onde falta dar conta do básico e compor uma reserva de emergência, gastar demais não é apenas burrice, é desonesto e imoral com as outras pessoas que ali vivem. Infelizmente, não vai haver Desenrola Brasil para as consequências dos gastos nababescos do atual governo federal. Exemplos não faltam, vão desde o uso indiscriminado de jatinhos para compromissos questionáveis de ministros a diárias de hotéis super luxuosos onde o presidente e a primeira-dama se hospedam nas inúmeras viagens internacionais que têm feito. Tudo isso num país onde falta dinheiro para saneamento básico.
Com quem o Governo Federal vai renegociar esse endividamento que aumenta, em grande parte, por causa de luxos, benesses e privilégios de uma casta privilegiada? A conta vai ter que ser paga em algum momento. E por quem?