A jornalista Juliana Bevilaqua colabora com a colunista Babiana Mugnol, titular deste espaço
A história de Bruno Motter não é muito diferente de outros enólogos da região. Cresceu no interior de Caxias do Sul em meio aos parreirais e garrafões da família. Na hora de escolher a profissão, não teve dúvida: decidiu-se pela enologia. Foi para Mendoza e passou quatro anos estudando na região da Argentina que é referência em vinhos no mundo.
— Eu vivenciava, ajudava na atividade. Quando fui fazer o curso, já tinha ideia de como era o processo e ia para as aulas tirar dúvidas — conta.
Cerca de 10 anos após finalizar os estudos e assumir a Don Guerino, vinícola familiar, onde também é diretor técnico, Bruno é reconhecido com um dos prêmios mais importantes do setor, o de Enólogo do Ano 2022, pela Associação Brasileira de Enologia (ABE).
— Esse prêmio mostra que estamos no caminho e nos motiva. Talvez, dê a ideia da nova enologia brasileira — reflete, referindo-se à nova geração de enólogos, jovens profissionais que cada vez mais ocupam espaços nas vinícolas e estão dando sequência ao trabalho dos pais e avós.
A distinção, sem dúvida, é importante assim como as premiações que reconhecem os melhores vinhos. Mas Bruno gosta de dizer que há algo tão ou mais satisfatório:
— É muito legal ganhar prêmio, mas quando você vê em um restaurante alguém da mesa ao lado pedindo a tua marca, isso é o mais gratificante. Estamos participando de um momento especial, estamos na mesa da família.
Alegrias e desafios
A profissão que "veio de sangue" rende diariamente alegrias para Bruno e a garantia de uma vida sem rotina. Todo dia é dia de fazer algo diferente. Todo dia garante a oportunidade de criar algo e colocar a sua personalidade em cada vinho. Ele compara à atividade ao chef de cozinha: ambos podem dar um toque no produto.
Mas a tarefa de enólogo também é repleta de desafios.
— Todo ano tem aquele friozinho da barriga. Nossa matéria-prima é a céu aberto e depende do clima. Para diminuir as oscilações, tem muito manejo, porque todos os anos temos de elaborar bons vinhos, não apenas em supersafras — destaca o profissional.
Vinhos e família
O enólogo, que vai a pé ao trabalho — mora pertinho da vinícola em Alto Feliz —, gosta de estar com a família e ir à praia. E mesmo quando viaja a lazer, quer conhecer as vinícolas do destino. Natural. Embora lide com vários tipos de vinhos, tem os seus preferidos:
— Gosto dos tintos de forma geral: Malbec, Merlot e Cabernet Franc.