A jornalista Juliana Bevilaqua colabora com a colunista Babiana Mugnol, titular deste espaço
São 10 anos de atuação como enóloga, mas uma vida inteira mergulhada no mundo dos vinhos. Com o pai enólogo, Janaína Massarotto até tentou outras carreiras, mas acabou se rendendo. Cursou enologia no campus de Bento Gonçalves do Instituto Federal Rio Grande do Sul (IFRS) e hoje tem sua própria vinícola em Flores da Cunha. Aliás, é a primeira mulher enóloga do Brasil a comandar uma vinícola.
A convite da coluna para marcar o Dia do Enólogo, celebrado em 22 de outubro, Janaína fala sobre o trabalho e dá conselhos para quem quer seguir na profissão. Ela também conta quais vinhos não faltam na adega dela.
Quando e por que você decidiu ser enóloga?
Meu interesse pelo mundo dos vinhos começou muito cedo, aos 12 anos, acompanhando meu pai Luiz Massarotto, também enólogo, nas atividades dentro da vinícola dele. Fui naturalmente me envolvendo e me aproximando do mundo do vinho por meio do conhecimento que ele me passava. A decisão pela enologia veio mais tarde, pois antes de cursar enologia, prestei vestibular para Fisioterapia e Engenharia Química, aprovei, fiz algumas cadeiras mas não conclui nenhum dos cursos, pois aquela ideia da vitivinicultura martelava a minha cabeça. Poucas mulheres eram enólogas, isso também me assustava um pouco, não sabia como iria ser depois de formada, mas resolvi arriscar e foi muito positivo.
Na minha adega nunca faltam Cabernet Franc e um Rosé
JANAÍNA MASSAROTTO
Enóloga e dona de vinícola
Como é ser a primeira enóloga brasileira a capitanear uma vinícola?
Em 2017, comprei um lote de uvas e vinifiquei em solo meu primeiro vinho. Deste lote surgiram outros produtos. Em 2018, nasce a Vinícola Marzarotto, onde sou a proprietária. Até então, não tínhamos registro de enóloga fundando sua própria vinícola aqui no Brasil, somente enólogos. As minhas colegas de profissão ou trabalham em empreendimentos familiares ou prestam assessoria para empresas terceiras. No próximo ano, irei inaugurar a vinícola, um empreendimento que demorou quatro anos para ser construído. Será o marco deste pioneirismo.
O mais legal de ser enóloga?
Para mim, é que não existe rotina. O vinho está em constante transformação e evolução, desafia nossos sentidos constantemente ao longo de seu processo até ser finalizado. É uma arte, mas dá um trabalho danado, são muitas e muitas fases e a gente não fica bebendo o dia todo como muitos pensam (risos).
Qual o conselho para quem quer seguir na profissão?
Como qualquer profissão, primeiro você necessita amar aquilo que você vai fazer. O importante é acompanhar o dia a dia de um enólogo. Uma boa alternativa é estagiar ou trabalhar em alguma vinícola.
Quais são teus vinhos preferidos?
Os brasileiros. E não é por ser bairrista. Muitos dos consumidores ainda não se permitiram desfrutar o quanto a qualidade do nosso produto cresceu nos últimos anos, principalmente dos novos varietais que estão surgindo e também das novas regiões produtoras. Mas na minha adega nunca faltam Cabernet Franc e um Rosé.