Modelo, funcionária, empresária, mãe e agora escritora. Carolina Maino, 40 anos, acaba de lançar o seu primeiro livro: 7 passos para sair da CLT com segurança e empreender ganhando 5 X mais. A especialista em psicologia positiva compartilha caminhos a seguir para empreender de forma assertiva.
Na publicação, ela também explica como tirar os projetos profissionais do papel, sem autossabotagem. Para isso, Carolina conta como ela mesma saiu da sua zona de conforto. O livro está disponível na Amazon e nas principais livrarias. A seguir confira um pouco da trajetória da empreendedora caxiense.
Mais do que um livro com dicas para mudar de carreira, a publicação também é autobiográfica, certo?
Eu uso meu exemplo pessoal para justificar toda movimentação necessária para quem está em busca de propósito. Assim eu consigo também inspirar pessoas. No próprio lançamento do livro, recebi o retorno de muitas pessoas que se identificaram com minha história. Que eram chamadas de malucas pelas mudanças que fizeram. O meu exemplo é importante para elas verem que é possível buscar o que te satisfaz.
E quantas mudanças de carreira você fez?
Comecei como modelo. Morei na África do Sul, Chile, México, China... Eu tinha sonhos de viajar. E virar modelo foi a minha sorte para poder aproveitar esse desejo. Eu tinha 16 anos quando o Raulino Prezzi (ator que morreu em 2016) me viu em uma aula de jazz e me colocou em contato com a Jaqueline Concer Martins que, na época, trabalhava para a Ford Models em Porto Alegre. Eu fiz vários trabalhos, cheguei a fazer campanhas para marcas como Rexona, cerveja Corona, e fui assim até os 26 anos. Depois desses anos morando fora, quando eu estava na China, comecei a ficar em depressão. Não queria mais aquela vida, mas não sabia como recomeçar, como seria voltar para Caxias do Sul e começar do zero. Eu ainda não era formada, tinha começado Relações Públicas quando tranquei a faculdade pela carreira de modelo. Assim, quando voltei, fui trabalhar na Marcopolo no marketing, em função dos conhecimentos de inglês e espanhol.
E o que te fez sair do emprego CLT?
Quando comecei na Marcopolo achei que era o que queria, trabalhar em uma grande empresa, construir uma carreira. Mas, com sete meses de trabalho, já não estava mais feliz. Eu tinha vindo de toda uma carreira com uma liberdade maior para passar a bater cartão no relógio de ponto. Tinha uma rotina limitadas às regras da empresa. Isso tudo começou a me deixar frustrada. Foi então que resolvi sair para abrir uma escola de inglês. Começamos com a recuperação de uma franquia que passava por dificuldades e, em três anos, já gerenciava as cinco escolas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Carlos Barbosa. Depois de sete anos como empreendedora, de novo me deu vontade de querer algo além. Eu estava em uma condição estável, com a empresa indo muito bem financeiramente, e com uma carreira consolidada aos 35 anos, mas voltei a sentir aquele vazio. Uma sensação de que não era bem isso que queria. “Bateu” muito forte a vontade de solucionar a questão: do que queria realmente fazer se nada me satisfazia. Já tinha feito MBA em gestão empresarial e foi aí que resolvi buscar a formação de coach para administrar melhor as escolas de inglês. E me apaixonei pelo coach. “Virei a mesa”, vendi minha parte das escolas em 2015 e comecei a trabalhar sozinha como coach na área de negócios.
Logo em seguida essa profissão se popularizou muito. Como buscou se diferenciar?
Cheguei com isso em Caxias um pouco antes do boom. Aqui tinha dois ou três mais reconhecidos. Cheguei me posicionando nessa linha de transição de carreira em função do meu histórico, porque queria ajudar outras pessoas a procurar a realização profissional, assim como fiz. Fazia muito conteúdo gratuito, vídeos, quando ainda não tinha isso de forma tão massiva como hoje. Fiz muitas palestras em empresas, na CIC, Sindilojas...Foi uma longa construção.
Como está a demanda atual após a pandemia?
A pandemia é a principal queixa das pessoas. No início, porque as pessoas não sabiam se podiam investir, não sabiam o que fazer. Com o passar do tempo, tiveram que olhar para suas dores à força. Muitas pessoas se sentiram insatisfeitas com o modelo atual. Outras, pelo contrário, até com a questão do home office, se adaptaram muito bem, mas não queriam retornar ao modelo anterior. Houve uma necessidade de olhar para dentro e, sozinhas, as pessoas têm dificuldade de ter esse olhar para si. Recebi muita procura de pessoas para rever suas carreiras, mas também de empreendedores para rever seus negócios, buscando orientações para prosperar na crise, principalmente para sair do modo presencial para o online.
Para a virada de carreira o que é fundamental?
Sempre olhar para aquilo que é teu valor inegociável, o que faz o teu coração vibrar. Por exemplo: se tens valores muito fortes de liberdade, autonomia, tem que buscar o que vai permitir gerenciar o teu tempo e agenda. Esse perfil tem como opção o empreendedorismo, principalmente. Só um negócio próprio permite essa autonomia. A partir daí, é preciso traçar todo o caminho de transição: como ter um negócio, qual o negócio ideal e como ter sucesso nele. Mas o primeiro passo é trabalhar o autoconhecimento.
É um processo que leva tempo?
Depende da clareza para onde se quer ir, do que fazer, de onde vai empregar o talento e o conhecimento. Tem negócios que a transição ocorre em dois, três meses. Outros levam um ano. Tem ainda aqueles em que tu mesma é o próprio negócio e ele pode ser feito de forma online, sem espaço físico para começar, só a pessoa e o conhecimento. Tem muitas formas de fazer acontecer, mas tudo depende desses fatores.