As Empresas Randon vêm protagonizando movimentos de aquisições que chamam a atenção do mercado desde o ano passado. Em se tratando de valores, a maior delas foi a conclusão da compra da Nakata pela Fras-le por R$ 457 milhões. Mas em número de aquisições, é a Castertech Fundição e Tecnologia que vem sendo protagonista nos últimos meses. Na última semana, a companhia arrematou em leilão a unidade de fundição e usinagem do grupo Menegotti, em Schroeder (SC). A operação, no valor de R$ 87 milhões, ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Ainda em dezembro do ano passado, foi concluída a compra da empresa Fundituba por R$ 5,4 milhões, unidade que a Agrale mantinha em Indaiatuba, no interior de São Paulo, uma negociação que durou tempo. Em janeiro, adquiriu a CNCS Tecnologia em Usinagem, de Caxias, por R$ 21 milhões. Assim que o mais recente negócio for concluído, a empresa do grupo Randon vai alcançar a capacidade anual de produzir 100 mil toneladas de peças fundidas por ano.
— Com certeza, já estaremos entre as três maiores fundições do Brasil — destaca o vice-presidente executivo e COO das Empresas Randon, Sergio Carvalho.
Em operação desde 2009 em Caxias, a Castertech surgiu, inicialmente, para atender as necessidades internas das Empresas Randon. Hoje, fornece produtos para montadoras de caminhões, ônibus, semirreboques, sistemistas automotivos, para o segmento agrícola e para o mercado de peças de reposição. Antes das recentes aquisições, a empresa tinha capacidade de 45 mil peças/ano e, para dar conta da demanda crescente, precisava comprar de outros fornecedores domésticos.
— Para esse tipo de produto não existe capacidade disponível no Brasil e no mundo. Até pela tendência de aumentos exorbitantes de aço, muitas peças que são produzidas e fabricadas em aço estão sendo redesenhadas para um produto fundido que tem uma vantagem econômica — aponta Carvalho.
Entre as principais matérias-primas da Castertech estão o ferro e a sucata. No total das seis aquisições feitas pelo grupo Randon desde 2020, incluindo também Nakata, a Auttom pela Randon Tech Solutions - RTS Industry, e as três unidades para a Castertech, foram R$ 620 milhões. Os investimentos na expansão da Castertech, incluindo a unidade matriz, já geraram um aumento de receita de 75%, segundo Carvalho.
Crise como oportunidade
“Nosso modelo de negócio é muito robusto”. É o que destaca o vice-presidente da Randon para justificar o momento histórico de aquisições do grupo. A compra da Nakata foi a maior já feita pelo grupo com mais de 70 anos de história. Mas as recentes aquisições da Castertech também mostram que outras empresas do ramo automotivo passam por dificuldades. O arremate em leilão da Menegotti é um exemplo disso. Por se tratar de um conglomerado de 12 empresas, com foco no ramo automotivo pesado, em um momento em que o agronegócio vai bem e a logística do país está impulsionada, a Randon consegue aproveitar as oportunidades que surgem no mercado.
— O dia que um está sofrendo, o outro compensa do outro lado. É diferente daquelas empresas focadas em produtos para automóveis, por exemplo, ou de monoproduto — compara Carvalho.
Logística em destaque
As recentes aquisições da Castertech também seguem uma estratégia de logística. A unidade de Indaiatuba deu, além de maior capacidade de fundição, maior facilidade de distribuição. Ela está no Sudeste, onde a Randon atende a demanda de outras grandes montadoras parceiras, como Volkswagen e Mercedes-Benz. Com a ampliação de capacidade de fundição pela aquisição em São Paulo, foi preciso da CNCS para complementar a usinagem. A empresa caxiense tinha uma expertise importante na área agrícola.
Após a conclusão do leilão da Menegotti, a Randon pretende transferir para Santa Catarina a fabricação maior de produtos de suspensão. Caxias teve concentrar mais produtos associados às necessidades regionais. Indaiatuba já está produzindo os tambores de freio. De acordo com o vice-presidente do grupo, as aquisições de fábricas fora de Caxias vão manter as estruturas locais de força de trabalho e podem reforçar também o quadro da matriz em Caxias.