Entre as principais queixas das indústrias da Serra desde o início da pandemia estão a dificuldade de obter a matéria-prima e o aumento de preços. E o principal protagonista das preocupações é o aço por conta do perfil econômico regional. Distribuidora do insumo, que completa 20 anos neste mercado no final do mês, a Metalli serve de termômetro de quanto oscilaram os preços deste insumo em pouco mais de um ano.
Francis Borelli dos Santos, diretor da companhia com sede no bairro São José em Caxias do Sul, destaca uma volatilidade nunca antes vista como fornecedor de aço para um dos segmentos industriais em que Caxias é um dos principais polos do país, o ramo de matrizarias, juntamente com Joinville (SC) e São Caetano (SP), outras das principais regiões atendidas pela Metalli.
— Em 20 anos, a gente não tinha passado por uma situação como essa, de aumentos de preços tão constantes. Neste ano, usinadas repassaram aumentos quase em todos os meses e acima de dois dígitos. A distribuição é sempre a primeira a sofrer os impactos e os preços sempre são bem mais voláteis do que para a indústria. O que a gente tentar fazer é não repassar tudo de uma vez — aponta o empresário.
Santos já adianta que foi informado de mais um reajuste em junho. Com isso, contabiliza mais de 150% o aumento no preço do aço desde o início da pandemia, em média. Embora o valor tenha se destacado mais neste ano do que a falta da matéria-prima, a situação de fornecimento ainda não foi normalizada. A situação se agrava porque muitas empresas não conseguiram repor estoques e a demanda também está mais aquecida em 2021.
Por se tratar de commodity, há muitas explicações para o aumento. No mercado interno, a desvalorização cambial é uma das principais. No mercado externo, além da demanda mundial, o custo logístico está maior e o tempo para entrega também, o que torna ainda mais desafiador trabalhar com esta matéria-prima.
Ainda assim, a empresa caxiense fornecedora de aço chega ao marco de completar duas décadas mantendo o mesmo volume de pedidos de antes da pandemia, inclusive com crescimento de faturamento.
— A gente trabalha com uma linha mais específica, de chapas grossas e placas para moldes, matrizes e maquinário pesado. Como não houve incentivo para a importação com a pandemia, a indústria nacional precisou fazer investimentos em moldes e matrizes para produzir localmente — destaca o diretor da Metalli.