A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) lançou um manifesto nesta semana clamando pela união de esforços dos diferentes elos da cadeia produtiva para o enfrentamento do que chamou de “momento crítico de retomada do setor”. Segundo o texto, assinado também por mais sete entidades moveleiras gaúchas, o setor moveleiro gaúcho não consegue mais manter os preços ao varejo com sucessivos reajustes nas matérias-primas, componentes, acessórios e embalagens, aplicados desde maio do ano passado.
O documento aponta como saídas a busca de um diálogo construtivo e soluções colaborativas entre os pares da cadeia de madeira e móveis. Ele foi enviado para entidades empresariais e governamentais como Abimóvel, Fiergs e Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Para a Abimóvel, as entidades sugerem um esforço político no sentido de isentar os impostos de importação sobre chapas, que hoje incidem em 10%.
O Estado é o segundo maior produtor de móveis do país. Conta com aproximadamente 2,8 mil indústrias moveleiras, gerando 36 mil empregos diretos, segundo dados da Inteligência Comercial da Movergs. O faturamento do Estado em 2020 foi de R$ 8,22 bilhões, crescimento nominal de 9,1% em relação a 2019. Já a geração de empregos em 2020 foi positiva em 4%, encerrando dezembro com um saldo positivo de 1,3 mil empregos diretos em comparação ao começo do mesmo ano.
O manifesto aponta, no entanto, que a realidade é diferente destes números, justamente em virtude da elevação nos custos de produção. No momento, segundo a carta, a indústria enfrenta faturamento real negativo, margens deprimidas, falta de matérias-primas, baixos estoques e consequente incapacidade de atender a demanda do consumidor.
Manifesto
É crescente a preocupação do setor moveleiro gaúcho com o reajuste nos componentes e insumos bem como redução nas cotas de aquisição. A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), entretanto, não pretende impetrar um tom agressivo nem politizar a questão.
Não se trata de uma disputa comercial, pois é sabido que os aumentos e a dificuldade de abastecimento afetam a todos num efeito cascata que vem desde os insumos primários. Trata-se, portanto, de buscar um diálogo construtivo e soluções colaborativas entre os pares da cadeia de madeira e móveis.
Dito isso, a indústria gaúcha de móveis esclarece que já não tem capacidade de absorver o aumento nos custos de produção. Embora os dados mais recentes de desempenho mostrem um faturamento nominal crescente em 2020 (+ 9,1% no RS), a realidade dista desses parâmetros, justamente em virtude da elevação nos custos de produção. No momento, a indústria enfrenta faturamento real negativo, margens deprimidas, falta de matérias-primas, baixos estoques e consequente incapacidade de atender a demanda do consumidor.
Ressalta-se, ainda, o forte aumento nos índices de preços no acumulado dos últimos 12 meses: mais de 40% no IPA- DI e IPA-M (FGV) e quase 30% no IGP-M (FGV). Esse ritmo de aumento nos preços está penalizando a cadeia moveleira de forma muito severa, podendo inviabilizar muitas operações e prejudicando o setor como um todo.
Dessa forma e entendendo que todos os segmentos da cadeia moveleira são codependentes, a Movergs formaliza seu manifesto no intuito de clamar pela união de esforços para o enfrentamento desse momento crítico de retomada do setor. Também pedimos que aos setores de base compreendam o impacto em cascata dos reajustes deliberados sobre os fornecedores da indústria e a própria indústria moveleira.
Ademais, conclamamos a Abimóvel para um esforço político no sentido de isentar os impostos de importação sobre chapas, que hoje incidem em 10%. Uma medida nesse sentido, embora não surta grande impacto nas perdas que a indústria moveleira vem enfrentando, ao menos demonstraria a inclinação política em estimular a produção industrial do nosso país, nesse momento tão crucial.