Um balanço divulgado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) de Caxias do Sul na última semana aponta que 3.023 podas de árvores foram realizadas nos dois primeiros meses de 2024. Este número representa um crescimento de 112% em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do dado positivo, ainda há um déficit na quantidade de ações a serem feitas, e a falta de servidores impede atacar de forma mais ampla a visível falta de cuidado com a arborização da cidade.
O secretário João Uez comemora o resultado, e afirma que ele é resultado de aprimoramento de processos, que incluiu cursos para os servidores, ações de gestão e um mutirão para atender as demandas acumuladas. A melhoria do ambiente da cidade para a Festa da Uva foi um dos fatores que motivaram o trabalho concentrado, e a meta é manter o ritmo.
No entanto, há um gargalo para manter os bons números no restante do ano: a falta de mão de obra. Uez revela que existe apenas uma equipe na Semma para dar conta de todo o trabalho que envolve a arborização da cidade, e que contempla poda, supressão, manutenção e plantio de árvores. O grupo é formado por sete pessoas, incluindo dois motoristas. Segundo ele, o ideal é que o número de equipes fosse, no mínimo, três vezes maior, e mesmo com recentes contratações de servidores, não foi possível constituir novos grupos de serviço.
— No ano passado foram chamados vários servidores, mas não temos somente este setor. A secretaria é bem grande e se divide as contratações um pouco para cada lado. A gente teve aposentadorias, e alguns servidores que passaram em outros concursos que têm um rendimento maior acabaram saindo. Mas este é um setor onde a gente precisa aumentar no mínimo duas equipes — constata Uez.
A combinação entre grande demanda (ao menos dez pedidos são protocolados ao dia) e mão de obra insuficiente tem provocado o atraso em diversas ações. Uma das questões mais visíveis é a manutenção deficiente, com dezenas de plantas afetadas por parasitas como a erva-de-passarinho. Uez admite que esta é uma situação que precisaria de maior atenção, e que vai prejudicar a arborização de Caxias do Sul nos próximos anos. Ele entende que o problema também nasceu de visões erradas sobre o manejo das árvores:
— Nós tivemos um grande período na cidade, de algumas visões de que não se podia fazer uma poda, não se podia cortar um galho, pois a árvore iria morrer. Ela vai morrer em função de não ter sido feita a zeladoria nela. Há 10, 15 anos atrás nós não víamos erva-de-passarinho com o volume que se vê hoje. Isso aconteceu pela falta de manutenção, e nos próximos 10 anos a cidade vai ver muitas árvores no Centro morrendo, tendo que ser suprimidas em razão da não zeladoria nos últimos 15, 20 anos, em deixar de podar. E não basta arrancar o cipó da erva, pois é preciso cortar o galho infectado, senão ela cresce de novo.
Uma das ações que, no entender de Uez, tem ajudado a melhorar a situação das árvores da cidade é o decreto que autoriza os cidadãos a fazerem as podas por conta própria. Pela norma, em vigor desde 1º de dezembro, não é mais necessária autorização da prefeitura para fazer o manejo das plantas localizadas em frente a residências ou dentro de terrenos. Segundo ele, os casos de abuso têm sido raros, e houve uma redução de 70% nos pedidos encaminhados à Semma.
João Uez vai deixar a secretaria no fim do mês. Como o nome dele é cotado para concorrer a algum cargo nas eleições de outubro, ele precisa cumprir o prazo para desincompatibilização.