Na terça-feira (14), a prefeitura de Caxias anunciou que está intensificando ações para coibir aglomerações de motos e outros veículos. Trata-se de um novo capítulo de uma antiga questão da cidade, que há décadas não consegue enfrentar efetivamente os baderneiros que infernizam as noites com veículos barulhentos, direção perigosa e som alto.
Embora a ação das autoridades seja necessária e esperada, ela traz junto uma má notícia: o problema cresceu e se espalhou. Há pontos que historicamente já tiveram que conviver com a bagunça noturna. Avenida Júlio de Castilhos, Perimetral Norte, Estação Férrea e Avenida São Leopoldo estão entre os locais que, nas últimas décadas, já foram “point” dos desocupados. Agora, e com o uso das redes sociais, bairros antes tranquilos passaram a ser frequentados. De acordo com o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, Alfonso Willenbring Júnior, essa nova realidade se reflete nas queixas recebidas.
— Chegamos a uma situação em que se avolumaram muito as reclamações. Elas sempre existiram, mas eram normalmente sobre pontos mais conhecidos, como a Estação Férrea. Agora temos esse problema distribuído de forma ampla, atingindo diversos bairros e as perimetrais. Precisamos dar uma resposta para a comunidade, e por isso também precisamos mudar nossa forma de atuação — informa Willenbring.
A nova moda do momento, os “rolês” de motos, é um dos focos. Nesse tipo de evento, um número razoável (que já foi de dez a 100 motos) se reúne para andar em grupo pela cidade, provocando muita confusão. Cercar e interceptar esses condutores é pouco efetivo e perigoso, pois há sempre possibilidade de fuga e risco de acidentes, inclusive envolvendo terceiros.
Para combater estes casos, o secretário entende que é necessário usar uma combinação de ações. Identificar e multar os bagunceiros é a primeira medida, para que se crie um registro legal da situação. Em outra frente, ele defende operações mais ostensivas para complementar a estratégia, especialmente com blitze em pontos estratégicos:
— Assim fechamos um ciclo e a fiscalização se torna efetiva. O veículo pode até não ser parado na hora da multa, mas cedo ou tarde ele vai ser pego em uma blitz. Assim, com o acúmulo de multas, acabará saindo de circulação, o que ajuda a combater os comportamentos errados no trânsito. Tanto que, só no último domingo, 16 motos foram recolhidas.
Tem lógica a fala do secretário Willenbring, mas o ciclo de multar e recolher os veículos dos infratores pode levar um tempo. Além disso, o fato de serem usadas placas adulteradas e o uso das redes sociais, tanto para organizar os encontros quanto para alertar sobre a realização de blitz, pode atrasar ainda mais o processo.
Aliás, sobre redes sociais, está na hora de as autoridades darem uma atenção maior para páginas criadas para divulgar algumas “peripécias” feitas no trânsito de Caxias. Sem pudor, são mostradas motos empinando, pneus cantando e velocidades totalmente incompatíveis com a civilidade. E tudo isso com um tom de zombaria.
Willenbring diz que está ciente da situação. Embora não seja possível multar pelo que é mostrado na internet, ele informa que, uma vez identificado o infrator, as imagens podem servir para abertura de processos de responsabilização criminal.
Essa é uma medida também urgente, e que está sintonizada com a realidade atual, onde as redes sociais estão totalmente integradas ao cotidiano – para o bem e para o mal. Combater o exibicionismo virtual de crimes seria um bom começo para uma ação mais efetiva no mundo real.