O início de 2024 pode trazer boas notícias para o Centro de Caxias. Neste mês de dezembro vão se encerrar os prazos de apresentação final de projetos para os dois grupos concorrentes no Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) aberto pela prefeitura, e que vai selecionar uma proposta para constituição de um centro de comércio popular na cidade. Isto pode ser o início da solução do crônico problema da presença de ambulantes nas calçadas.
A outra novidade é que uma das construções mais marcantes da cidade, a sede social do Clube Juvenil, pode estar envolvida no processo. Um dos concorrentes no PMI, a CPC Administradora Ltda., vai apontar o prédio, disponível para aluguel desde 2021, como uma das alternativas para sediar o centro de compras. Seria a volta à utilização do tradicional espaço situado na esquina da Avenida Júlio de Castilhos com a Rua Marquês do Herval, no coração de Caxias.
No entanto, ainda há um caminho a ser percorrido. Dois grupos se inscreveram no PMI, que é um instrumento auxiliar que serve para o desenvolvimento de estudos que vão instruir uma futura licitação. Caberá ao município fazer a avaliação das ideias apresentadas e aproveitar, ou não, as sugestões, que aí vão orientar a formatação final do empreendimento. Ou seja, embora vá estar entre os locais sugeridos, pode ser que o Juvenil acabe não sendo o espaço escolhido.
O secretário Matheus Neres da Rocha, do Escritório de Parcerias Estratégicas, revela que, além do local do empreendimento, os participantes também devem apresentar ideias para uma composição financeira e modelo de negócio. Ele acrescenta que a prefeitura não apontou imóveis e, sim, as características que a construção deve reunir. A principal é a localização, que deve ser em um quadrilátero formado pelas ruas Coronel Flores, Alfredo Chaves, Bento Gonçalves e Os Dezoito do Forte.
— É muito importante que esteja localizado na área central, com fluxo de pedestres que guarde correspondência com as atratividades de um comércio popular. Essas questões é que vão delimitar a escolha do local adequado. O autorizado vai lastrear seus estudos, provavelmente, em um imóvel, e ele vai fazer a escolha. Ao Município, o importante é que essa solução sirva ao atendimento das necessidades manifestadas dentro das características mínimas — aponta Matheus.
A sede social do Clube Juvenil, na esquina da Avenida Júlio de Castilhos com a Rua Marquês do Herval, é um ícone de Caxias. Inaugurada em 1928 e tombada em 2007, tem arquitetura inconfundível e foi o principal ponto de convívio da alta sociedade local durante décadas. O grupo que vai propor o uso dele, a CPC, já gerencia um empreendimento de comércio popular em Santa Maria. Naquela cidade, inclusive, houve uma situação semelhante, com o uso de um prédio histórico, o antigo Cine Independência, que foi transformado no Shopping Popular Independência.
Rafaelle Barbosa, que é sócio da CPC, explica que o empreendimento em Santa Maria abriga desde 2010 comerciantes ambulantes da cidade, organizados em 208 estandes. Ele aponta um impacto positivo para aquela comunidade, com o local tendo boa frequência de público e de negócios, e vê o Juvenil como uma alternativa muito interessante para replicar a fórmula em Caxias do Sul:
— Jamais poderia ser descartado um prédio como o Juvenil, pela história que tem com a comunidade. Pela nossa experiência, é plenamente possível fazer dele um centro comercial sem mexer na parte externa, preservando este patrimônio. No entanto, sugerir não quer dizer que se concretize, pois é preciso levar em conta as orientações da prefeitura e a também a vontade do clube.
Além do Juvenil, a CPC propôs também uma outra área, não revelada, para receber o centro de compras popular. Já o outro concorrente no PMI, o Consórcio Novo Mercado Popular, inicialmente sugeriu 10 espaços, mas não há informação de quais são.
Procurado pela coluna, o presidente do Clube Juvenil, Guilherme De Filippis, confirma que houve uma sondagem sobre o tema no início do ano, mas até agora nada foi formalizado. Ele revela que a instituição está no aguardo e que há disposição para conversar e fechar o negócio caso uma eventual proposta seja considerada vantajosa pelos fóruns internos do clube.
— Se for aprovado pelo Conselho Deliberativo e assembleia de sócios, eu, como presidente, não tenho o poder de rejeitar. Tendo uma proposta, eu tenho que apresentar e se for aprovada, pode ser que se alugue. Mas até agora não temos nenhuma proposta concreta, e a sede segue para alugar mediante uma proposta e aceitação de assembleia e sócios —informa De Filippis.
Os prazos finais para apresentação das propostas do PMI são 4 de dezembro (para o Consórcio Novo Mercado Popular) e 22 de dezembro (para a CPC Administradora Ltda). Após isso, a prefeitura vai analisar o material, e cerca de um mês depois deve anunciar a escolha de um projeto.