Adriana Antunes
Desde quando o céu é azul? Fui eu ou foste tu? Os gregos e talvez outros, não tinham uma palavra para nomear o azul. Havia outras cores. Para pintar o céu escolhiam o verde, assim como o mar, o castanho e até cor de vinho tinto. Imagino um céu tinto como malbec. Incendiando por dentro. Meu preferido é o rosé. Um céu rosado ali no lusco fusco do dia. Ali onde as cores se misturam e se perdem, onde há um certo aconchego embora passageiro. Dias atrás comentei com a motorista do Uber sobre o azul do céu. A pessoa olhou para cima e para fora e disse, nunca olho o céu. Olhei para trás. Estávamos no nível do fogo, o céu incendiava as nossas costas. Mas seguimos em frente, em meio ao barulho de buzinas, notificações de aplicativos, uma música qualquer no rádio e o congestionamento da perimetral. Silenciamos. Lembrei das manhãs de inverno, leitosas e frias.