Em fase de estudos, a concessão da RS-324 entre Passo Fundo e Nova Prata deve ter edital publicado no primeiro semestre de 2024. A cobrança para quem trafegar pela rodovia será feita pelo formato free flow, que, diferentemente das praças de pedágio, prevê taxar os motoristas em fluxo livre, cobrando pelo quilômetro trafegado.
A quantidade de praças instaladas ainda não foi definida, assim como os locais em que ficarão no percurso de 110 quilômetros. Os detalhes ainda deverão ser debatidos após a entrega dos estudos técnicos, previstos para o primeiro semestre de 2024.
Na região, a cobrança de pedágio é uma discussão que se desenrola há anos, em especial no trecho que liga Passo Fundo a Marau. O novo modelo, segundo o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi, teria sido escolhido justamente por “facilitar” para quem utiliza o trajeto diariamente:
— A instalação é mais barata que o sistema de praças e tem cobrança mais justa. Os motoristas pagam pela quilometragem feita e não uma tarifa fixa. É proporcional ao uso.
Como deve funcionar
Sem cancelas, os ponto de cobrança são estruturas metálicas com câmeras que identificam os veículos que cruzam pela rodovia. O pagamento será feito por meio de tag colocada no para-brisa, que desconta imediatamente o valor do pedágio, ou em forma de tarifa, enviada para o usuário.
A tarifa pode ser acessada pelo site da concessionária ou em pontos de parada na rodovia, instalados para quitação dos valores devidos. Os usuários terão 15 dias para quitar o pagamento ou o proprietário do veículo será multado por evasão de pedágio, considerada uma infração grave.
O governador Eduardo Leite assinou o decreto que regulamenta a implantação do free flow nas rodovias do Rio Grande do Sul em 17 de agosto. Segundo o governo, o sistema deve passar a ser implementado nas rodovias gaúchas em breve e, no futuro, pode se tornar um exemplo para o país.
— Esse modelo não tem volta. Em todo o país temos anúncio que as novas concessões serão free flow. Existem desafios que já foram vencidos e estamos na etapa de colocar em prática. Enquanto Estado, seremos um exemplo da utilização — diz Capeluppi.
O que pensa a região
Na região, o que preocupa as entidades e representantes é como a instalação do modelo afetará a quem trafega rotineiramente pela RS-324, em deslocamento para trabalho ou estudo nos municípios vizinhos.
O presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla), Flávio Gabriel da Silva, informou que o modelo pode ser mais benéfico que o pedágio tradicional para quem utiliza o trecho diariamente:
— Muitos detalhes ainda precisam ser analisados, mas nos parece um modelo mais justo, pois nossa discussão era para cobrar menos de quem anda menos. Mas ainda precisamos ver os prazos de efetivação das melhorias, e os preços de taxa que serão aplicados.
Em Marau, cidade que fica no percurso da nova cobrança, o prefeito Iura Kurtz diz que ainda deve ouvir a comunidade para emitir uma posição sobre a instalação.
— Ainda não podemos dizer se somos a favor ou contra o novo modelo, uma vez que não conhecemos ele profundamente. Éramos contra o pedágio porque 70% dos usuários da rodovia são pessoas que se deslocam a trabalho, o que é danoso para eles. Por isso, o modelo era inviável, especialmente pelo custo. Ainda devemos ouvir a comunidade para ter uma opinião.
Também da cidade, a Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agropecuária de Marau (Acim) informou por meio de nota que a classe empresarial espera condições mínimas de trafegabilidade do trecho Marau-Passo Fundo e que, se a cobrança foi a “única saída plausível, não há oposição”.
“Com a praça de pedágio prevista entre as duas cidades, quem precisa se deslocar diariamente entre elas, seria prejudicado. A utilização do sistema free flow e não mais a praça de pedágio, seria uma forma que parece mais justa para quem precisa fazer muito este trajeto”, diz o texto.