
Após dois dias de julgamento, uma professora da rede estadual foi condenada por mandar matar seu ex-companheiro em São José do Ouro, no norte do Rio Grande do Sul. A decisão, proferida na noite de terça-feira (25), também condenou três homens como executores do homicídio. As penas variam entre 17 e 26 anos de prisão.
Célio Miolo foi assassinado em 27 de fevereiro de 2022, dois dias após o fim do relacionamento com a condenada, que, segundo o Ministério Público (MP), não aceitava a separação.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), Iria Rigo contratou três homens de fora da cidade para simular um assalto e cometer o crime. A estratégia falhou e os quatro acusados foram presos no mesmo dia. Segundo a investigação, cada um dos executores receberia R$ 3 mil pelo homicídio.
Como foi o crime
De acordo como Ministério Público, Célio Miola foi atraído até a residência da acusada sob o pretexto de um café da manhã, apenas dois dias após o término do relacionamento. No local, foi rendido pelos homens contratados: Juliano dos Santos Valente, Adriano Rocha Ferreira e Daniel de Souza Netto.
Ele teve sua carteira e celular roubados e, em seguida, foi morto com dois disparos, um na nuca e outro no ombro. A ex-companheira exigiu a senha do telefone da vítima e anotou os números na mão. Assim que conseguiu desbloquear o aparelho, teria determinado a execução de Célio.
A acusada e os três envolvidos foram presos no mesmo dia do crime. Durante o julgamento, o MPRS destacou a premeditação e a brutalidade do ato, classificando-o como um homicídio qualificado por motivo fútil, promessa de pagamento, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Além disso, os réus também foram condenados pelo crime conexo de porte ilegal de arma de fogo.
Condenação
O Tribunal do Júri determinou penas de 26 anos para a professora, enquanto os três executores receberam sentenças de 23 anos e seis meses, 20 anos e 17 anos.
Os condenados também terão que pagar uma indenização de R$ 50 mil à família da vítima. O único réu que respondia em liberdade foi preso imediatamente após a leitura da sentença, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre cumprimento imediato da pena.
Os promotores de Justiça Damasio Sobiesiak, responsável pela denúncia, e Rodrigo Bley Santos, titular da Promotoria da Comarca, atuaram na acusação.
— O delito impactou profundamente a comunidade pela brutalidade e pela forma como foi planejado e executado. O júri entendeu a gravidade dos fatos e aplicou penas condizentes com a crueldade do crime — destacou Sobiesiak.
— Esse é um caso de homicídio mercenário que chocou a todos em vista da crueldade e da premeditação do crime. Chocou ainda o fato de os executores do crime serem de fora e terem vindo para cá exclusivamente para tirar a vida de um cidadão da cidade de São José do Ouro, que tinha aqui sua família, seus amigos, seus contatos — destacou o promotor Rodrigo Bley Santos.
Contraponto
A reportagem entrou em contato com as defesas dos quatro condenados, mas não obteve resposta de três deles. O espaço segue aberto para manifestações.
Apenas a representação de Daniel de Souza Netto retornou:
"O meu cliente confessou a autoria do fato, foi condenado recebeu benefício da lei pela redução da pena pela confissão", diz a nota enviada pelo advogado Josias Silva Santana.
* Produção: Camila Mendes.