Os flagrantes de desmatamento no norte gaúcho cresceram 113% em 2023 na comparação com o ano anterior. Ao todo, foram constatados 6.097 hectares de mata nativa suprimida, o que equivale a mais de 6 mil campos de futebol. Enquanto isso, foram apreendidos 36.521 metros cúbicos de madeira.
Os dados pertencem ao 3° Batalhão Ambiental da Brigada Militar (3°BABM), que divulgou as informações das operações realizadas em 2023 na manhã desta quinta-feira (25), em Passo Fundo. O batalhão abrange 239 municípios das regiões Norte, Noroeste e Serra.
Segundo o levantamento, o número de apreensões de madeira retirada ilegalmente no ano passado foi 70% maior que o registrado em 2022. Além disso, 173 pessoas foram presas em 2023 por crimes contra a fauna e houve o recolhimento de 50,7 mil metros de redes de pesca irregulares.
O comandante do 3°BABM, major Leandro Gois, atribui os números ao aperfeiçoamento das tecnologias, que contam com o uso de drones e imagens de satélite em tempo real:
— Essa tecnologia já estava presente no batalhão, contudo ela foi aperfeiçoada ao longo do ano passado, com atualizações do próprio sistema e aquisição de novos equipamentos. A unidade também teve um reforço no efetivo, o que possibilitou atender mais ocorrências e mais agilidade e condições para atuação — disse.
Projetos para 2024
Em Passo Fundo, o planejamento do BABM inclui a integração do trabalho com a Defesa Civil municipal, em especial nas situações de eventos climáticos, como os episódios de chuva que prejudicaram a cidade e o RS em 2023. Neste ano, o objetivo da corporação é adquirir um bote inflável, com motor e reboque, a fim de atuar no resgate de pessoas, animais e situações de prevenção.
— Durante a enxurrada de setembro do ano passado, ficou evidente que precisamos de um item como este. Na ocasião, atuamos com uma embarcação que, até então, seria descartada pela corporação, mas possibilitou que prestassem socorro às pessoas atingidas. Acreditamos que é uma necessidade a cidade contar com uma embarcação mais arrojada — afirmou Gois.
O custo total da embarcação, incluindo itens de resgate como boias, coletes e lanternas, é de R$ 128,3 mil. Segundo Gois, a prefeitura de Passo Fundo deve viabilizar R$ 83 mil através de um projeto de lei para a aquisição, enquanto outra parte será pleiteada através de doações da iniciativa privada. O texto está na Câmara de Vereadores.
— Contamos com a brevidade da Câmara na votação, no máximo para fevereiro, para depois ser sancionado — disse o secretário de Meio Ambiente, Rafael Colussi.
Outro projeto que é prioridade do batalhão neste ano é o fortalecimento das ações de fiscalização de poluição sonora. Só em 2023, as guarnições fizeram mais de 70 medições sonoras. Em 30 constataram casos de poluição sonora.
Para isso, deverão criar um curso de operação de sonômetro, com 10 a 12 vagas. O objetivo será habilitar pessoas para auxiliar nessas fiscalizações, uma vez que a unidade conta somente com dois operadores. A iniciativa deverá ocorrer em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente de Passo Fundo.
— A poluição sonora é um problema crônico da cidade e cabe ao batalhão fazer essa fiscalização. Pelo fato de termos poucas pessoas habilitadas para o manuseio do equipamento, a ideia é ter mais mão de obra e intensificar essas ações — pontuou o comandante.