A Polícia Civil e a Brigada Militar realizam operação nesta quinta-feira (17) em quatro cidades gaúchas para cumprir quatro mandados de prisão preventiva, 32 de busca, além de bloqueio de contas bancárias, e a indisponibilidade de bens que ultrapassam R$ 10,4 milhões.
O alvo é uma organização criminosa com atuação em Soledade, no norte do Estado. A facção, de acordo com as força de segurança, tem envolvimento com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Mais de 145 agentes da polícia civil e 80 policiais militares atuam na ofensiva. Até as 9h30min três pessoas haviam sido presas — dois líderes da organização e um advogado.
Conforme a investigação, o grupo utilizava contas de laranjas para armazenar e transferir grandes volumes financeiros, além de contar com o envolvimento de terceiros para guardar dinheiro em espécie.
Os criminosos também tinham como método utilizar empresas de fachada para simular compra de bens móveis e imóveis para lavar o dinheiro. Dentre as empresas de fachada, estão revenda de veículos, barbearia, mercado e boate.
Também foram identificadas diversas empresas fantasmas, como locadoras de veículos, revenda de produtos de limpeza, comércio de produtos esportivos e supermercados. A investigação também apontou que eram negociados cavalos de raça em transações para ocultação de patrimônio.
De acordo com a polícia, os criminosos também utilizavam uma técnica denominada “reverse flips” para buscar esconder a origem ilícita do dinheiro. Conforme a investigação, eram adquiridos imóveis com preços muito abaixo de seu valor de mercado, de usuários de drogas, buscando esconder a origem do dinheiro no suposto lucro da venda.
Criminosos identificados
A investigação, que já dura mais de dois anos, começou depois da deflagração da primeira fase da Operação Monopólio, em 2021. As diligências identificaram dois líderes criminosos, três operadores que coordenavam o esquema de lavagem de dinheiro, 14 integrantes que atuavam como laranjas ou em outras atividades relacionadas, além de 13 empresas que atuavam na facção.
O suspeito de ser o principal operador financeiro no esquema de lavagem é um advogado. Segundo a investigação, ele prestou serviços em favor de integrantes da facção, recebendo valores mensalmente por seus honorários. O homem foi preso nesta manhã.
A investigação ainda descobriu que servidores públicos também participavam do esquema. Além de Soledade as ordens judiciais estão sendo cumpridas em Arvorezinha, Fontoura Xavier e Lagoão.
— O principal objetivo da ação foi descapitalização dessa organização criminosa e a apreensão de documentos e quebras de sigilo para reforçar as provas que a investigação já reuniu — pontuou a delegada responsável pela investigação, Fabiane Bittencourt.
Até o momento, os policiais contabilizaram mais de R$ 20 mil em dinheiro, 14 veículos, dois revólveres (calibres .357 e .38), munições intactas bem como diversos documentos referentes a lavagem de dinheiro, como celulares, computadores, pen drives, cheques, procurações, receitas médicas carimbadas e contratos "de gaveta".
Segundo a Polícia Civil, pelo menos 23 imóveis tornaram-se indisponíveis, sendo oito no bairro Fontes, nove no Botucaraí, e um no bairro Missões, em Soledade, bem como um no município de Arvorezinha e também em Lagoão. De acordo com a delegada, os bens apreendidos ainda estão sendo contabilizados pela equipe.