Na madrugada de 30 de novembro de 2017, depois da decisão da Libertadores entre Grêmio e Lanús, a vida da família Renz mudou para sempre. Natan Regis dos Santos Renz, na época com 18 anos, foi baleado na cabeça quando comemorava a vitória do time do coração pela Libertadores na noite anterior (29). O crime ocorreu por volta das 2h, na Rua General Neto, no centro de Passo Fundo. O jovem chegou a ser socorrido com vida e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Na manhã desta segunda-feira (06), ocorre o júri dos réus pelo assassinato de Natan. Márcio de Oliveira Da Silva, 41 anos, e Mairos de Oliveira Lopes, 29 anos, respondem por homicídio triplamente qualificado —com motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum — lesão corporal contra o irmão da vítima e corrupção de menores.
Pouco mais de cinco anos após o fato, o pai de Natan, Jones Renz, conta que a família vive o luto até hoje, e que foi embora da cidade por medo e tristeza:
— Ele sonhava em ser jogador profissional. Jogou na escolinha do Vila Nova (em Passo Fundo). Era um guri interessado, trabalhava desde os 16 anos. Começou como estagiário depois foi efetivado numa empresa de mecatrônica. Queria fazer faculdade, concurso, tinha muito sonhos. Eles não mataram só o Natan, mataram a família toda. Não consegui mais trabalhar e eu e minha esposa decidimos ir para outra cidade, largamos tudo. Tínhamos medo por causa do nosso outro filho. Estamos sem viver direito até hoje.
O pai conta que ele, os filhos e amigos realizaram um encontro em casa no dia 29 de novembro de 2017.
— Jantamos e os meninos resolveram ir assistir ao jogo no Centro. O Natan nunca tinha ido assistir ao jogo fora de casa, era um guri caseiro e assistíamos os jogos sempre juntos, fanáticos pelo Grêmio. Pedi pra ele gravar o hino num pendrive. Fez isso e foi assistir ao jogo num posto de combustíveis. Me mandou mensagem e depois foram comemorar a vitória do Grêmio num bar.
Jones conta que ele e o filho eram muito próximos.
— Eu sempre esperava ele abrir o portão de casa pra mim. O Natan era tímido, nunca ofendeu ninguém, nunca se envolveu em nada, nunca deu problema para nós. Eu continuo não entendendo por que esses bandidos fizeram isso. A vida segue e nós estamos lutando. Esperamos que quem cometeu o crime seja condenado à pena máxima. Justiça é o que podemos esperar, porque a dor é forte. Precisamos passar essa etapa para ver se conseguimos voltar a viver. Ainda estamos conseguindo seguir porque temos nosso outro filho e nossa neta.
Familiares e amigos vão acompanhar a sessão vestidos com camisetas com a fotos do jovem.
Contraponto
O que diz a defesa de Márcio e Mairos
Conforme o advogado Gustavo da Luz, as teses da defesa serão expostas somente em plenário, mas o objetivo principal vai ser apresentar pontos que não estão bem claros no processo.
— Vamos esclarecer algumas situações que ainda estão confusas nesse caso. Apresentar as provas para os jurados para que eles tenham o entendimento do que realmente aconteceu naquela noite, e a justiça seja feita de forma como tem que ser. Sem demasias — pontua o advogado de defesa.
GZH Passo Fundo
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