Moradores de Passo Fundo relataram demora de pelo menos três horas no Pronto-Atendimento adulto do Hospital Municipal Dr. César Santos na manhã desta quarta (3). O cenário se assemelha às filas formadas no Hospital Dia da Criança, que fica na mesma instituição de saúde, na terça-feira.
Conforme a administração do hospital, a alta demanda tem deixado as equipes em alerta. Na terça, o pronto-atendimento adulto registrou 275 atendimentos, quando a média diária é de 200, desde o início do ano.
Conforme o diretor-geral da instituição, Roger Teixeira Borges, a demora tem relação com a quantidade de casos graves direcionados ao hospital, como síndromes respiratórias agudas, acidente vascular cerebral (AVC) e suspeitas de dengue, que demandam tempo maior de atendimento. Segundo Borges, a situação tem sido "gradativa e permanente" e acompanha uma tendência estadual.
— Quando o paciente chega, ele passa por uma triagem e é classificado de acordo com a gravidade da sua queixa. Essa classificação implica no tempo de atendimento. Aquelas situações menos graves demoram mais para serem atendidas — disse.
Como consequência, quem espera na fila precisa de uma dose extra de paciência. Nesta manhã, o montador Marcos Portela aguardava para o atendimento da esposa há pelo menos três horas. Segundo ele, cenários como esse são comuns no Hospital Municipal.
— Eu mesmo vim aqui semana passada, cheguei por volta das 3h30 muito mal, com dor no estômago e tudo. Só fui ser atendido às 9h – relata.
O técnico em manutenção Paulo Ricardo Andrade acompanhou a filha no atendimento. Juntos, eles ficaram na fila por pelo menos duas horas.
— Todas as vezes que a gente precisou, chegamos aqui e tem muita gente para ser atendida. Tem que aguardar, não tem outra solução — ressalta.
Atendimento no Hospital Dia da Criança supera média diária
Na manhã desta quarta-feira (3), a situação era mais tranquila na porta de entrada do Hospital Dia da Criança. No dia anterior, o tempo de espera de alguns pais chegou a seis horas. A alta demanda se refletiu nos números: foram 161 atendimentos realizados no local quando a média diária é de 80.
De acordo com a coordenadora de Recuperação à Saúde, Caroline Gosch, que responde interinamente pela Secretaria Municipal de Saúde, um dos quatro médicos que estavam no atendimento teve resultado positivo para covid-19 e precisou ser afastado na terça-feira. Na quarta, o quadro foi normalizado.
— O município de Passo Fundo está buscando o aumento do seu quadro funcional e de sua estrutura de saúde. Já estamos com o edital aberto para a contratação de profissionais para atenção básica como médicos e equipes de enfermagem — disse.
A orientação é que a população busque as unidades básicas de saúde (UBS) e estratégias em saúde da família (ESF) mais próximas em casos de menor gravidade, onde há equipes completas, reiterou a coordenadora.
Como está a situação em outros hospitais da cidade
- Hospital de Clínicas: em nota, a instituição informou que a emergência atua com 120% da capacidade, mas não há restrição de atendimento.
- Hospital São Vicente de Paulo (HSVP): conforme a médica responsável técnica da emergência, Josiane Diehl Moia, no feriado a instituição atingiu 100% da capacidade e, desde segunda-feira (1º), opera com mais de 130%, tanto nas alas adultas quanto pediátricas.