O município de Tenente Portela, no noroeste gaúcho, ultrapassou os mil casos de dengue. São 1.176 contaminados, conforme última atualização da Secretaria Estadual da Saúde (SES) desta quarta-feira (14). Com uma morte confirmada, a cidade tem o maior número de diagnósticos no RS e decretou situação de emergência na última sexta (9).
Os números chamam a atenção: o segundo município gaúcho com mais casos é Novo Hamburgo, com 390 confirmados — 33% do volume de diagnósticos registrados em Tenente Portela.
Os dados da SES apontam que 1.160 casos de Tenente Portela são autóctones, o que significa que foram contraídos dentro do município de 14,5 mil habitantes. Outros quatro registros da doença estão em investigação e 14 foram descartados.
Outras duas cidades gaúchas registraram mortes por dengue: Santa Rosa, também na Região Noroeste, e Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, com um óbito cada.
Para combater o avanço do mosquito Aedes aegypti, que também é vetor de doenças como zika e febre chikungunya, Tenente Portela faz aplicações de fumacê e distribui repelentes aos servidores e população mais vulnerável a contaminações.
Entenda a dengue
Em entrevista concedida a GZH Passo Fundo, a pneumologista e intensivista Janaína Pilau respondeu às principais dúvidas sobre a doença, além de pontuar as dificuldades na prevenção e tratamento, uma vez que ainda há incertezas sobre o comportamento do vírus.
Segundo ela, dor no fundo dos olhos é um sintoma característico de dengue, além de febre alta, dor no corpo e articulações, eritema cutâneo, diarreia e vômito. Conforme a médica, os sintomas não precisam necessariamente estar todos presentes.
Quando buscar atendimento
Dor abdominal intensa, vômito que não passa e febre contínua requerem atendimento, em razão da desidratação. Também é preciso estar atento aos sinais de dengue hemorrágica, a forma mais grave: sangramento da gengiva ao escovar os dentes, pele mais sensível a batidas ou sangramento no nariz.
A dengue grave tende a aparecer somente na segunda contaminação, apesar desse comportamento não ser uma regra. A doença possui quatro subtipos, o que torna possível mais de uma infecção.
— Existem quatro subtipos da dengue. Se você pega o primeiro, terá imunidade contra esse, mas não contra os demais. Ao se contaminar com outro subtipo, o corpo faz uma super reação na tentativa de combate ao vírus, e isso acaba gerando o quadro de dengue — pontua Pilau.
Um desafio é a impossibilidade de prever quem terá um agravamento da doença. Conforme a especialista, ainda são desconhecidas as causas que levam à evolução do quadro, podendo atingir qualquer faixa etária ou sexo, por exemplo.
Evite a automedicação
A pneumologista pontua que alguns anti-inflamatórios, como ibuprofeno, ou remédios com AAS (ácido acetilsalícilico) na composição, podem facilitar a evolução do quadro para dengue hemorrágica. Por isso, é importante não partir para a automedicação em caso suspeita de dengue.