A Câmara de Vereadores de Passo Fundo começou uma mobilização no ano passado que deve se desenrolar ao longo de 2024: os parlamentares lideram a busca pela ampliação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Estão em pauta o pedido de uma nova ambulância de suporte avançado e a instalação de uma central de regulação do serviço na cidade, como já existe nas cidades de Pelotas, Bagé e Caxias do Sul.
A discussão teve início com a mesa diretora da Câmara — primeiro com o ex-presidente, Alberi Grando (MDB) e agora com o sucessor Saul Spinelli (PSB). Na sessão solene de abertura do ano legislativo, em 15 de fevereiro, Spinelli elencou o Samu como uma das pautas prioritárias do parlamento municipal para 2024.
Atualmente, o município de pouco mais de 200 mil habitantes tem duas ambulâncias de suporte básico do Samu e apenas uma equipe disponível para realizar os atendimentos. Nos últimos meses, a demora pelo socorro tem gerado polêmica na comunidade. Só em fevereiro, pelo menos dois pacientes aguardaram mais de 1h30min até a chegada do serviço de urgência.
Por causa da mobilização, o Município encaminhou uma solicitação para liberar uma unidade de suporte avançado e ampliar a frota de serviço do Samu ao Ministério da Saúde em 13 de outubro de 2023. A solicitação foi analisada e aprovada em 24 de janeiro de 2024.
Isso significa que a cidade receberá a doação de uma nova ambulância de suporte avançado assim que houver disponibilidade de unidades para doação — sem previsão no momento, conforme o Ministério da Saúde.
Passo Fundo já teve uma ambulância de suporte avançado
Em julho de 2009, Passo Fundo foi um dos municípios gaúchos selecionados pelo Ministério da Saúde para receber unidades de atendimento do Samu e recursos para a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sendo este último um plano que até hoje não saiu do papel.
À época secretário municipal da saúde, Alberi Grando lembra que, depois da habilitação, Passo Fundo recebeu uma ambulância de suporte básico e uma motolância.
— Na época, optamos por devolver a moto em razão de entender que naquele momento não se fazia necessária. Desde então Passo Fundo conta com uma equipe de suporte básico apenas — lembra o atual vereador.
Além da motolância e da unidade básica, Passo Fundo chegou a receber uma ambulância de suporte avançado, devolvida à União por falta de profissionais para atuar nesse modelo em 2015, o mesmo desafio enfrentado por outros municípios gaúchos.
Para atuar nesses moldes, a equipe precisa ser composta por um condutor socorrista, enfermeiro e médico. Hoje, o atendimento é feito por condutores socorristas e enfermeiros. Uma reportagem de GZH de 2012 mostra a dificuldade de ocupar o cargo de médico do Samu em Passo Fundo: à época, dois processos seletivos foram realizados para contratar médicos, mas apenas quatro se habilitaram e a maioria optou por não assumir o cargo.
Passo Fundo voltou a solicitar uma ambulância de suporte avançado ao Ministério da Saúde em 2019. No fim do ano passado, o Município recebeu autorização da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), órgão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) responsável pela organização e funcionamento das ações e serviços de saúde integrados.
— A nossa cidade cresceu a demanda aumentou. Nesse tempo, surgiram problemas com a questão da regulação, que não tem muita lógica ser regulado por Porto Alegre, e alguns municípios começaram a fazer a sua própria regulação. Então chegou o momento de Passo Fundo atender toda a região norte do RS — completou Grando.
Central de regulação
A frente liderada pelos vereadores entende que, a partir da ambulância de suporte avançado, o próximo passo é trabalhar para que Passo Fundo tenha a sua própria central de regulação regional.
Se isso acontecer, as ligações serão encaminhadas para uma Central de Regulação de Urgências (CRU) localizada em Passo Fundo, mas as ambulâncias continuam sendo encaminhadas dos próprios municípios. A diferença, nesse caso, é que a ligação não precisa entrar na fila estadual, com sede em Porto Alegre, como acontece hoje — o que costuma ser o principal motivo de reclamação sobre a demora nos atendimentos.
— Precisamos que o Ministério da Saúde habilite para que Passo Fundo tenha uma unidade de suporte avançada, o que é necessário para que o município possua uma Central Regional de Regulação. Ou seja, a central de regulação será um segundo passo — enfatizou Grando.
Em comunicado, o governo do RS afirmou que o Ministério da Saúde não realiza mais habilitações de centrais de regulação municipais, uma vez que essas devem funcionar de forma regional, exclusivamente. Contudo, se a cidade pleitear uma Central de Regulação do Samu Regional, precisa estar dentro da regulação dos demais municípios da região.