Por Téo Foresti Girardi, doutora em Design e Tecnologias pela UFRGS
A gestão governamental encontra-se à beira de uma revolução transformadora, impulsionada principalmente pela Inteligência Artificial (IA). Nesse cenário, delineia-se o futuro dos governos inteligentes como uma narrativa de inovação e eficácia, exigindo, no entanto, uma abordagem equilibrada para superar desafios éticos e assegurar a segurança e a capacitação necessárias.
A tomada de decisões governamentais, uma esfera crucial, está prestes a passar por uma metamorfose notável com a integração da IA. Algoritmos avançados, dotados de capacidades analíticas extraordinárias, têm o potencial de processar volumes massivos de dados em tempo real, identificando padrões complexos que escapam à observação humana. Essa capacidade não apenas acelera a tomada de decisões, mas também fornece insights profundos para embasar políticas públicas mais informadas e eficazes.
A eficiência operacional, outro pilar fundamental, é positivamente impactada pela onda de inovação trazida pela IA. A automação de tarefas rotineiras não só libera recursos humanos para atividades mais estratégicas, como também reduz a incidência de erros, resultando em operações governamentais mais confiáveis e eficientes. A prestação de serviços públicos, exemplificada pelo uso de chatbots e assistentes virtuais alimentados por algoritmos inteligentes, oferece suporte instantâneo aos cidadãos, criando uma experiência mais personalizada e ágil e simplificando as interações entre o governo e seus cidadãos.
Entretanto, a implementação generalizada da IA no setor governamental não está isenta de desafios. Questões éticas emergem como preocupações prementes, demandando uma abordagem responsável no uso e tratamento dos dados. A transparência e a equidade na aplicação de algoritmos são princípios essenciais para garantir que a IA beneficie toda a sociedade.
A segurança cibernética torna-se uma prioridade crítica, considerando a crescente dependência de sistemas automatizados. Além disso, a capacitação dos servidores públicos para compreender e utilizar a IA é uma necessidade inegável, e iniciativas educacionais contínuas garantirão que os profissionais estejam equipados para tirar o máximo proveito dessas inovações e gerenciar seus impactos de maneira eficaz.
Neste contexto, a colaboração entre os aspectos humano e tecnológico é crucial para definir propósitos e impactos, evitando conflitos. À medida que os governos exploram novos modelos de serviço e interação, a inteligência artificial emerge como um facilitador crucial para tais avanços. No entanto, é essencial que esses serviços digitais sejam centrados no ser humano, garantindo uma experiência satisfatória da prestação de serviços ao cidadão, além de serem confiáveis, transparentes, éticos e responsáveis.
A colaboração entre o setor público e privado, aliada a uma governança sólida, pavimentará o caminho para uma administração governamental mais eficiente, transparente e centrada no cidadão, impulsionando o setor para uma nova era de governos inteligentes.
Téo Foresti Girardi é doutora em Design e Tecnologias pela UFRGS, CEO do GovTech Lab e executiva GovTech Summit.