Por Téo Foresti Girardi, diretora do UPF Parque
Recentemente, algumas empresas têm percebido a importância da experiência e da maturidade no mercado de trabalho. Muitas companhias já direcionam oportunidades para pessoas com mais de 50 anos. Contratar profissionais mais velhos não é apenas uma tendência global, mas também um investimento inteligente que traz muitos benefícios para ambos os lados, construindo equipes multidisciplinares, integrando gerações, hard skills, soft skills e também um conjunto de histórias e experiências valiosas.
A senioridade no ambiente de trabalho tem sido cada vez mais valorizada, e isso não é por acaso. Quando um país reconhece a importância de manter sua população ativa e produtiva, está preocupado não apenas com o bem-estar desses indivíduos, mas também com a economia e a saúde pública. Manter as pessoas ativas ajuda a reduzir os custos com saúde, além de aproveitar a experiência acumulada ao longo dos anos.
Segundo dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine), em agosto de 2023, Passo Fundo tinha 737 pessoas entre 50 e 64 anos trabalhando nos setores do comércio e serviços e 69 pessoas com mais de 65 anos ainda ativas no mercado de trabalho. Esses números mostram a tendência global de envelhecimento da população ativa e enfatizam que a maturidade é um recurso valioso.
Tendência global
A valorização da mão de obra sênior é uma tendência global que se torna cada vez mais evidente. Nos países mais desenvolvidos, estima-se que cerca de 150 milhões de postos de trabalho serão ocupados por pessoas com mais de 55 anos. O envelhecimento da população é uma realidade que o Brasil também enfrenta, com previsões indicando que até 2040 aproximadamente 57% da força de trabalho terá mais de 50 anos.
A população mundial está passando por uma mudança demográfica importante para o futuro do trabalho e o envelhecimento populacional tem implicações profundas para a economia global. Até 2030, espera-se que esses trabalhadores com mais de 50 anos representem um quarto da força de trabalho global. Essa mudança demográfica aponta para uma transformação significativa na composição etária dos trabalhadores em todo o mundo.
Diante desse cenário, as empresas precisam estabelecer políticas consistentes para facilitar a inclusão e a permanência de trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho. Atualmente existem obstáculos à inclusão da geração mais madura, como preconceitos relacionados à idade e aos avanços tecnológicos. Neste sentido, a legislação brasileira, por meio do Estatuto do Idoso, busca proteger os direitos dos trabalhadores mais velhos, proibindo a discriminação e limitações com base na idade.
Em vista dessas mudanças demográficas e de empregabilidade, é fundamental que governos e empresas adotem políticas e práticas que valorizem e aproveitem a experiência e a sabedoria dos trabalhadores mais velhos. Além da vasta experiência profissional, eles trazem consigo um conhecimento valioso e maturidade emocional, são comprometidos, têm disponibilidade de tempo e valorizam as oportunidades de trabalho.
Inclusão
Para incluir os profissionais mais experientes nas organizações, as empresas devem criar programas de inclusão, desenvolver processos de integração específicos para idosos e oferecer condições de trabalho adequadas, como por exemplo:
- investir em programas de capacitação e treinamento para trabalhadores mais velhos, garantindo que eles estejam atualizados com as demandas do mercado;
- promover políticas de trabalho flexíveis que permitam aos trabalhadores mais velhos ajustar sua jornada de trabalho às suas necessidades e capacidades;
- sensibilizar empregadores e a sociedade em geral sobre os estereótipos relacionados à idade, promovendo a igualdade de oportunidades;
- reforçar sistemas de seguridade social para garantir a proteção financeira dos trabalhadores mais velhos durante a aposentadoria;
- fomentar o empreendedorismo entre os mais velhos, incentivando o estabelecimento de negócios próprios.
O envelhecimento da população traz desafios, mas também oportunidades. As empresas que reconhecem e aproveitam a experiência e as habilidades dos trabalhadores mais velhos estão em uma posição vantajosa para promover a diversidade e obter vantagens competitivas.
Com políticas adequadas é possível criar um ambiente de trabalho inclusivo e sustentável, onde trabalhadores com mais de 50 anos possam continuar a contribuir de maneira significativa para a sociedade e a economia. Estratégias certas podem aproveitar ao máximo o potencial de uma força de trabalho experiente e madura, contribuindo para um futuro que integra gerações, que é dinâmico, colaborativo, inteligente, mais inclusivo e próspero.
Téo Foresti Girardi é diretora do Parque Científico e Tecnológico da Universidade de Passo Fundo (UPF).