Acumulando reconhecimento nacional e fora do país, a poetisa passo-fundense Mar Becker terá seu trabalho retratado em episódio de série documental sobre a literatura feita por mulheres. Aos 36 anos, ela mora em São Paulo há quase uma década, e se tornou uma das jovens mais celebradas da poesia brasileira.
Na bagagem, a escritora publicou seu primeiro livro de poesia A Mulher Submersa, em maio de 2020, com edições no Brasil e em Portugal. No ano seguinte, a obra recebeu o prêmio Minuano, concedido pelo Estado, e foi finalista da segunda fase do prêmio Jabuti.
As vivências no planalto médio, onde morou até os 27 anos, foram fundamentais para a maioria das experiências sensoriais que transmite em seus textos. Ao descrever o inverno, os costumes de domingo e os cheiros de umidade, de sopa e de terra, ela aponta que alcançou o seu máximo de expressividade.
— Sou complementante enraizada, sinto falta de poder acessar a cidade com os pés, de caminhar aqui e ali. Morava perto da praça do Hospital de Clínicas, e era um lugar que eu ia muito para ler, e saia muito a pé também pela Avenida Brasil. Quando volto, gosto de conversar com as pessoas, só para ouvir o sotaque e os gestos, que se parecem muito com os meus — comenta.
Sua primeira obra, A Mulher Submersa, chegou a ser eleita um dos melhores livros de 2020 pelo jornal Folha de São Paulo. Nele, a autora busca delinear a identidade feminina, e sobre o que é, quando e onde ser mulher. Já em Sal, Mar tenta ser transparente, sem mostrar suas perspectivas, deixando a escrita se escrever sozinha. Em ambas, há menções de Passo Fundo, local que ela visita ao menos duas vezes por ano.
Com postagens frequentes nas redes sociais, ela utiliza os perfis para publicar textos que ainda não estão fechados, possibilitando abrir seu processo de trabalho com o público, estreitando a relação com eles. Nos perfis, há postagens de textos escritos e lidos, com aproximação dos leitores nos comentários.
A série documental
Com estreia prevista para o próximo semestre, Mar faz parte da série documental de seis episódios, cada um dedicado à poeta convidada, com curadoria de Heloísa Buarque de Hollanda. As gravações ocorreram em São Paulo, e estão em fase de edição. Os episódios devem ter até 50 minutos, com direção de Ísis Mello e produzido por Das Minas Produções.
— Em meu episódio, um poema meu foi musicado, e falo do processo de escrita e do ambiente da estética do doméstico que eu trabalho. Foram escolhidas pessoas de diferentes lugares, um mapeamento variado, mostrando que a palavra pode muito e poesia também pode ter muitos leques — adianta.