Adotada há um ano, a golden retriever Milonga ensina sobre autocuidado, responsabilidade e serve de regulador emocional das cerca de 350 pessoas atendidas pela Apae de Passo Fundo. Com sete anos, a cachorra é estrela do projeto de cinoterapia da instituição, que através da técnica terapêutica, desenvolve as potencialidades dos alunos por meio do afeto.
Participante ativa das rotinas educacionais, de saúde e de assistência social, Milonga recebe alimentação, remédios e carinho dos alunos, que disputam espaço entre o pelo fofinho da cachorra. Frequentador da Apae desde os seis anos, o Cristiano Almeida, de 36 anos, é deficiente visual e nunca tinha tido contato com animais. Hoje, ele sente saudade da Milonga quando não está por perto:
— Quando a gente chega, ela já vem com a patinha para darmos carinho, nos reconhece pelo cheiro. Eu me sinto bem quando estou perto dela, é uma amada, e sinto que ela passa uma energia boa para nós.
Além do afeto, o animal é uma ferramenta de trabalho usada para pessoas com deficiência na estimulação da coordenação motora, desenvolvimento da fala e melhora na postura. Como reguladora de impulsos, Milonga é acionada sempre que os pacientes apresentam comportamentos disruptivos, que são gerados pelo próprio diagnóstico deles, como explica a terapeuta ocupacional e coordenadora de saúde, Camila Pasin:
— O animal não tem medo desses comportamentos mais agressivos, ele fica ao lado esperando um carinho, então faz eles compreenderem e entenderem esse apoio afetuoso. Isto dá até um impacto na família, fazendo com que os pais enxerguem que os filhos não são perigosos, basta descobrir as formas de regular esses comportamentos.
Completando um ano de projeto nesta semana, a ideia veio da diretora da escola especial da Apae, Claudia Furlanetto, com objetivo de qualificar a relação entre os alunos atendidos. Com seis anos, Milonga foi retirada de um canil de Soledade, vindo diretamente para a Apae.
— Ela trouxe momentos de evolução muito importantes e também nas coisas simples do dia a dia, como quando eles relacionam o remédio que precisam dar para ela com os remedinhos deles. Ela transita por toda a instituição, e por vezes quando os usuários estão tristes ou com birra, ela estimula. A presença dela superou a nossa expectativa, em questões que a gente nem achava que ela ajudaria, e ela foi capaz.
A instituição não tem gastos com a Milonga, pois possui parcerias com empresas que garantem banho, tosa, medicação, consultas e alimentação. Além de Passo Fundo, a Apae atende pessoas de quatro cidades da região: Pontão, Ernestina, Mato Castelhano e Coxilha.