Depois de anos com dores nos joelhos e dificuldades para andar, Nimat Elnasrri começou sua jornada em busca de qualidade de vida. E, por isso ela viajou do Sudão, na África, para Passo Fundo, no norte do Estado. Na cidade gaúcha uma cirurgia robótica foi apresentada à professora de árabe e então ela teve a segurança para iniciar um tratamento.
O caminho até o Rio Grande do Sul não foi rápido e, muito menos, curto. Desde que ela passou a ter desconforto nas pernas, ainda 2009, Nimat começou a viajar ao redor do mundo em busca de opções de tratamento. Foram consultas com especialistas em diversos países como Índia, Egito, Jordânia e Estados Unidos. Porém, foi no município do sul do Brasil que ela teve o diagnóstico e tratamento que lhe deram confiança.
A escolha não foi um acaso. Passo Fundo é considerado um dos polos nacionais em saúde. Especialistas em diversas áreas e tecnologias avançadas estão disponíveis no município. A operação de Nimat, por exemplo, é pioneira no Brasil. E somado a este fator, outro ponto reforçou a escolha dela: sua irmã mora na cidade. Então além da ajuda com o português, Sidiga Elthair, auxilia com a recuperação da cirurgia.
Tecnologia para maior precisão na cirurgia
A operação para corrigir a artrose envolveu o uso de alta tecnologia. A máquina é capaz de realizar um corte preciso, bem como um desgaste milimétrico no osso da paciente. Uma câmera fixada na articulação e de sensores no joelho, transmite o tamanho real da área a ser operada. Assim, como reduz a agressão cirúrgica a recuperação do paciente se torna mais rápida.
O médico responsável pelo procedimento, André Kuhn, frisa que a operação robótica tem como grande diferencial justamente a capacidade de adaptar a cirurgia para o paciente. É respeitada a individualidade do corpo da pessoa.
— A cirurgia robótica individualiza a doença no grau de correção de cada um. Ela é uma cirurgia personalizada, essa é a grande diferença para cirurgia convencional em que o instrumental é padrão e a robótica é individualizada na real necessidade de cada um— conta a sudanesa.
No caso de Nimat, foi necessário fazer uma correção do alinhamento do joelho, os exames realizados mostravam um arqueamento das pernas por conta da artrose. Uma pequena prótese feita especialmente para corrigir os milímetros retirados através da cirurgia foi colocada na paciente.
Cerca de duas semanas após a cirurgia o médico já ouviu relatos da mobilidade que estava voltando a ser percebida pela paciente e, também, o posicionamento da perna foi normalizado. A rápida recuperação já era esperada devido ao uso do robô de precisão para cirurgia.
— O paciente com a robótica em 45, 60 dias já tem o resultado que levaria três a quatro meses com a cirurgia convencional. Estamos devolvendo vida a vida da pessoa — aponta o médico
Parte da recuperação de Nimat é a fisioterapia. Após algumas sessões ela já conseguia subir escadas sem dificuldades no joelho operado.
Nova cirurgia dará sequência ao tratamento
O problema de artrose que atingia o joelho direito de Nimat também afeta da mesma forma o lado esquerdo. Por isso a professora passará por uma segunda cirurgia. A data para este procedimento será definida junto com o médico após a nova avaliação que acontece em março. Mas logo ela poderá acabar com a saudade que sente do Sudão e das salas de aula.
100 cirurgias robóticas em menos de um ano
A utilização do robô de segunda geração para cirurgias começou em maio de 2022 no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. Nove meses depois e 100 pacientes já tiveram joelhos recuperados pela tecnologia de ponta. O procedimento de artoplastia total vai crescendo entre os pacientes e ganha cada vez mais interesse pela precisão e rápida recuperação da cirurgia.
Para Kuhn, o emprego de tecnologia como o robô de segunda geração mostra que a medicina em Passo Fundo está avançada.
— O ganho dele com mobilidade e alinhamento foi surpreendente. Inicialmente, toda técnica passa pela aprendizagem, adaptação, ajuste da equipe e por desafios da inovação. No entanto, seguimos nos aperfeiçoando e nunca tivemos dúvidas de que estávamos no caminho certo. O futuro da medicina já é uma realidade por aqui — explica o médico.
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