Nadja Hartmann

Nadja Hartmann
Opinião

Lei de Diretrizes Orçamentárias 2024 vai à votação nesta segunda na Câmara de Passo Fundo

Projeto, que prevê um orçamento superior a R$1,1 bilhão no ano que vem, recebeu 21 emendas de vereadores

Nadja Hartmann

Passo Fundo

Por Nadja Hartmann, jornalista

Após cerca de 30 dias de discussões nas comissões, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)  para o ano de 2024 será votada na sessão desta segunda-feira (21) da Câmara de Vereadores de Passo Fundo

Com uma previsão de receita de R$ 1,143 bilhão, 8,18% superior ao orçamento deste ano, a LDO recebeu 21 emendas e subemendas de quatro vereadores. Só a vereadora Eva Lorenzato (PT) protocolou 15 emendas, sendo que três receberam parecer contrário da Comissão de Finanças. 

As demais emendas são dos vereadores Regina Costa (PDT), Evandro Meireles (PTB) e Altamir dos Santos (Cidadania), e sugerem ações voltadas para as áreas da saúde, educação, meio ambiente, mobilidade urbana, habitação, além de políticas públicas voltadas à juventude, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e igualdade racial. 

Durante audiência pública, o Simpasso reivindicou o apoio do Legislativo para inclusão de emendas que contemplem o Piso Nacional da Enfermagem e atendam o índice percentual de revisão geral dos vencimentos e remunerações dos servidores, incluindo o auxílio-alimentação.

Mobilização conjunta

Apesar da importância do tema, a votação da LDO não deve ser o assunto que irá gerar mais debate e polêmicas na sessão desta segunda-feira. O projeto de reforma administrativa enviado pelo Executivo em regime de urgência provocou um movimento de forte mobilização entre os sindicatos que representam a categoria e certamente ocupará grande parte do tempo dos vereadores na tribuna. 

Após a manifestação contrária do Simpasso, na última sexta-feira (18), o CMP-Sindicato, que representa os professores, também entregou um ofício ao legislativo pedindo à retirada do projeto. Segundo a direção do CMP, o magistério será atingido, em especial, no item que trata do regime das progressões de carreira, com o aumento do tempo e a redução do percentual recebido. 

É a segunda vez em pouco tempo que os dois sindicatos se unem na tentativa de barrar uma proposta do Executivo. Porém, na discussão do reajuste salarial, a estratégia do Executivo de dividir as categorias acabou sendo bem sucedida.

Assembleia

Ambos os sindicatos estão propondo a formação de uma comissão paritária para discutir o tema. Segundo a presidente do Simpasso, Maria Bernadete de Matos, os sindicatos existem para representar e defender os servidores. 

— Por isso, fazer um projeto que muda a vida do funcionalismo, sem chamar os seus representantes, é um desrespeito — afirmou. 

Ainda segundo o Simpasso, se o projeto for aprovado da forma que está, irá representar o fim do funcionalismo. Na próxima quarta-feira (23), será realizada uma Assembleia Geral Extraordinária em frente à Câmara de Vereadores, que deve formalizar uma posição conjunta dos dois sindicatos.

Nitroglicerina pura

Mas o projeto não deve afetar a vida apenas dos servidores. Propor uma reforma administrativa desta dimensão faltando pouco mais de um ano para as eleições é nitroglicerina pura, o que justifica a estratégia de votar o mais rápido possível, reduzindo o período para polêmicas e apostando na memória curta dos servidores, familiares e amigos — todos eleitores.

Ou seja, votar favorável ao projeto e passar por cima do pedido dos sindicatos por mais tempo e debate pode impactar diretamente no futuro de muitos vereadores que apostam na reeleição. 

Inclusive, há uma grande expectativa quanto ao posicionamento dos vereadores da base que são funcionários públicos e que, por inúmeras vezes, se posicionaram contrários a mudanças no quadro de carreira do funcionalismo estadual...

Além disso, a velha máxima que os “fins justificam os meios”, e que a reforma administrativa se impõe como condição para a realização do concurso público, já demonstrou que não colou. A base terá que pensar em argumentos mais sólidos para defender a votação do projeto em regime de urgência...

Valorização

Por outro lado, os dados demonstram a necessidade de adequações na estrutura administrativa funcional da prefeitura, que durante muito tempo operou no limite legal de gastos com a folha. 

De 2020 a 2022, o valor passou de R$257 milhões para R$361 milhões e só não ultrapassou o limite por conta do incremento no orçamento do município. Porém, vale destacar que a valorização do funcionalismo é fundamental para a qualidade do serviço prestado à população, que acaba impactando diretamente no desenvolvimento da cidade. 

Tudo isso só reforça a necessidade de um debate mais amplo sobre o projeto, até mesmo em nome da transparência junto aos cidadãos, que são os diretamente afetados pelos serviços prestados.

Entre em contato com a colunista pelo e-mail: nhartmann@upf.br

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha Hoje

05:00 - 08:00