A enchente que deixou 178 mortes e causou estragos no Rio Grande do Sul também teve impacto na história e lembranças de famílias que perderam documentos importantes e tiveram fotografias danificadas pela água e a lama.
Para amenizar a dor de quem perdeu memórias do passado, o professor de História e fotógrafo de Passo Fundo, Roberto Sander, ajuda na recuperação de 132 fotografias enviadas pela professora Leila Castillo, que teve o apartamento alagado em Porto Alegre.
No começo de maio, a água chegou a 1,20 metro de altura e atingiu os registros de família guardados no lar da família. Os dois professores foram colegas de trabalho e, quando Leila se deparou com as fotos danificadas, não pensou duas vezes em procurar o amigo.
— A água atingiu principalmente fotos de infância dos meus filhos. Foi algo muito significativo pra mim. Eles estão com 27 e 30 anos e, naquela época, não tinha celular como tem hoje. Então os registros deles são todos no papel mesmo — conta Leila.
A recuperação dos documentos fotográficos começou no início do mês. O trabalho é feito cuidadosamente e passa por várias etapas como higienização, catalogação, digitalização, tratamento e impressão. Segundo o professor Roberto, será possível recuperar quase todas as fotografias.
— A Leila vai receber um acervo novo de fotos, mas vai continuar também com o seu acervo original, porque as marcas que ficaram da enchente são de fato marcas da identidade da história dessa pessoa a partir de agora — explica o professor.
O trabalho deve ser concluído nos próximos dias. Para quem teve a casa atingida pela água e muitas perdas, resgatar memórias e parte da história da família é uma forma de recomeço.
— A máxima de "quem tem um amigo, tem tudo" é verdade. Esse apoio é muito importante nesse momento e chega a emocionar. Eu me sinto com o coração acalentado e só tenho a agradecer — finalizou a professora.