Muito mais do que imagens impressas em um papel, as fotografias capturam momentos únicos e insubstituíveis. Famílias do Rio Grande do Sul tiveram esses registros danificados na enchente de maio. No entanto, há esperança: existem métodos eficazes para recuperar fotos impressas.
A professora de fotografia da Escola da Indústria Criativa da Unisinos, Márcia Molina, explica o passo a passo para salvar fotos danificadas.
Passo a passo
- Cuidados iniciais: higienize as mãos com álcool em gel ou sabão líquido neutro, e use luvas para manusear as fotos. E lembre-se: trate as fotos com o máximo de delicadeza. Faça uma triagem para separar os casos mais graves dos que sofreram menos danos. Dê prioridade às situações mais delicadas, como fotos muito sujas, coladas, ou presas em folhas de plástico de álbuns e vidros de porta-retratos.
- Lavagem: separe três recipientes, como bacias ou baldes, com água pura e fria. A água é fundamental para preservar as cores e evitar que a foto desbote. Coloque uma fotografia por vez no primeiro recipiente e deixe descansando por alguns minutos, vá avaliando, com cuidado, se a maior parte da lama e da sujeira saiu. Após alguns minutos, transfira a foto, com muito cuidado, segurando-a apenas pela borda, para o segundo recipiente. Aguarde para que mais sujeira se desprenda e repita o processo no terceiro recipiente.
- Secagem: nesta etapa, as fotos deverão ser posicionadas na sombra. Você pode colocá-las sobre jornais, toalhas, papel toalha ou em um varal. O essencial é evitar a exposição direta ao sol. É recomendado o uso de desumidificadores de ambiente, ar-condicionado em ambiente interno ou secador de cabelo em jato frio, se necessário. O ideal é deixá-las secar por no mínimo três dias. Após esse período, é recomendável verificar se as fotografias estão realmente secas.
Quem teve fotos prejudicadas pela água poderá procurar a instituição na sexta-feira (28), para tentar recuperar as imagens.
Lembranças de uma vida cobertas de lama
E foi por meio deste processo que as fotos da família da engenheira civil Viviane Amaral, 45 anos, foram submetidas. Como tantos outros moradores do bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, Viviane e os filhos conseguiram acessar sua casa apenas no dia 8 de junho, quando a água recuou na região. O cenário era assustador: lembranças de uma vida estavam cobertas de sujeira e lama.
— A gente vai perder todas as fotos, as recordações, o nosso passado, literalmente — relata Viviane, numa lembrança do que sentiu quando a água não parava de subir.
Segundo Viviane, cada uma das fotos de seus filhos tem um significado especial, todas carregam uma história. Ela se recorda de um momento em particular:
— Tem uma foto do meu pai com a minha filha na piscina. Meu pai nunca entrou na piscina comigo ou com meu irmão, mas entrou com a neta. Foi um momento único que marcou nossas vidas.
Fotos são momentos eternizados, e aquelas em que Maria Helena Viana, mãe de Viviane, aparece com os netos ocupam um lugar especial no coração da engenheira civil. Para ela, esses registros são uma forma de manter a matriarca da família eternizada.
Ao receber as fotografias, Viviane sentiu um misto de alívio e nostalgia. Algumas imagens não puderam ser completamente recuperadas, mas as que sobreviveram ganharam um novo significado.