A primeira procissão da umbanda em homenagem a São Sebastião, que no sincretismo da religião de matriz africana homenageia Oxóssi, reuniu centenas de pessoas na tarde deste sábado (20), em Passo Fundo.
No catolicismo, a data marca a celebração do sincretismo em homenagem a São Sebastião, padroeiro dos enfermos. Na religião de matriz africana, Oxóssi é associado ao verde, às matas, às florestas, à agricultura, caboclos e índios.
Guiados pela imagem do padroeiro, o grupo partiu da praça Francisco Ximenes entoando os pontos da religião à base do tambor e consagrando o caminho com folhas verdes, as quais simbolizam as matas e reverenciam os caboclos. O grupo percorreu um trajeto de cinco quadras até a terreira na Rua Coronel Mostardeiro. A segurança da procissão foi feita pela Guarda Municipal de Trânsito
Para o soldador Giovani dos Santos, 27 anos e membro da comunidade há seis, a mobilização deste sábado nada mais é do que uma conquista para os membros da religião, que convivem com a discriminação da sociedade.
— O evento de hoje mostra que se todos os membros de matriz africana da cidade se juntarem, a gente pode começar a ter grandes conquistas. Antigamente a gente não podia sair de branco com guia no pescoço que era apedrejado. Hoje, infelizmente ainda há muito preconceito, e boa parte dos adeptos vivem amedrontados. Mas acredito que a procissão de hoje é um passo importante para que a gente consiga cada vez mais ter nosso espaço.
Para o pai Gabriel Godoy, o movimento deste sábado representa a resistência dos membros da religião. Ele comenta que o propósito da procissão é mostrar para a comunidade que a umbanda é uma “religião normal”, como todas as outras, e que precisa de respeito.
— Por mais que existam muitos casos de intolerância religiosa, nós estamos resistindo muito bem, mostrando o lado bom da religião, que é uma religião de paz, que nós temos direitos. As pessoas têm dificuldade em entender que na umbanda a gente também reverencia a Deus e que ele está acima de tudo, o que é o criador dos orixás, são seres que a gente cultua — pontua
Nesta noite, está prevista ainda uma festa no salão do templo, na Rua Coronel Mostardeiro 658, com comidas típicas do culto, consagração e momento de adoração.