O lixo espacial que cruzou o céu do RS no fim da noite de quinta-feira (24) também foi visto em Passo Fundo e cidades do norte do RS (assista no vídeo). Em Soledade, um morador do bairro Missões, registrou o momento que o fenômeno cruzou o céu do município, por volta das 23h40min.
— Estava saindo de carro do condomínio e aproveitei para tirar o lixo. Quando desço do carro e olho pra cima, vejo aquela bola de fogo. Ainda deu tempo de observar uns 10 segundos até ir pegar o celular no carro e filmar — contou o fotógrafo Saulo Dias.
Dias é proprietário de um observatório em Soledade e conta que de imediato presumiu que se tratava, de fato, de lixo espacial.
— A experiência de ver um objeto daquela magnitude visual passando lentamente, em chamas, é muito emocionante. Foi um momento e tanto — contou.
O mecânico João Victor Polita, 22 anos, conta que se surpreendeu ao ver a luz no céu. Ele estava próximo ao Santuário da Nossa Senhora Aparecida, em Passo Fundo, quando o fenômeno chamou a atenção.
— Foi uma experiência única, pois não estamos acostumados a ver esse tipo de coisa no cotidiano. O céu estava limpo e claro e, de repente, vi uma sombra se aproximando. Quando entrou na atmosfera, aquela sombra virou uma bola de fogo muito brilhante que com o tempo foi se "esfarelando" no ar até sumir da nossa visão.
Vídeos que circularam nas redes sociais também registraram o fenômeno em Carazinho e Lagoa Vermelha.
De onde veio o lixo espacial
Uma análise preliminar feita pelo professor Carlos Fernando Jung, proprietário do Observatório Espacial Heller & Jung, no município gaúcho de Taquara, aponta que o lixo espacial é parte de restos do foguete russo Soyus SL-4 R/B, lançado em 22 de agosto de 2023 no Cazaquistão.
A parte que entrou em combustão ao se chocar com a atmosfera da Terra seria o estágio superior do foguete. Ainda não se sabe qual o final da trajetória e se ele caiu em algum lugar do planeta. O observatório seguirá analisando.
— Nossa atmosfera apresenta uma resistência a esses objetos (que retornam do espaço). Então eles entram num processo de queima, vamos dizer assim. A temperatura é tão elevada que começam a se deteriorar, perder as partes, se desmanchar — explicou Jung em entrevista à Rádio Gaúcha na madrugada desta sexta-feira (25).