O olhar sustentável para a construção civil já entrou para a lista de prioridades de construtoras e consumidores finais de Passo Fundo, no norte do RS. Cada vez mais empreendimentos optam pela captação de água da chuva, energia e aquecimento solar e pontos de carregamento de veículos híbridos e elétricos.
Pelo menos dois prédios em fase estrutural reúnem todas essas características, incluindo investimentos para causar menor impacto ambiental durante a construção.
São os empreendimentos de alto padrão da Scorsatto Construções e do escritório de arquitetura Lineastudio, Artsy Exclusive House e Epic Exclusive House, por exemplo, que se preocupam com a sustentabilidade ambiental antes, durante e depois da obra.
— Acredito que esse cuidado deve se tornar uma obrigação no futuro. Não tem como nos desvincularmos disso. Buscamos preservar as áreas verdes, principalmente nas áreas de piscina e jardim. Também reduzimos áreas comuns desnecessárias — disse o sócio fundador do Lineastudio, Zé Barbosa.
O que é diferente
Na área central da cidade, os dois prédios possuem um apartamento por andar. O último, Artsy Exclusive House, está em fase de fundação e deve ter gerador de energia para as áreas comuns e captação da água da chuva para reutilização nos jardins.
Cada vaga de garagem terá pelo menos um ponto de recarga elétrica. Quando o aquecimento solar não for suficiente, os moradores poderão optar pelo aquecimento industrial.
Além disso, todas as lâmpadas são de LED, e os vasos dos banheiros possuem dispositivo com descarga de três ou seis litros, para economizar água.
— É uma preocupação a mais com o meio ambiente — disse a arquiteta e sócia da construtora, Marília Scorsatto.
Com sete meses de obra, a construtora planeja entregar o prédio em 2027. Outro empreendimento com as mesmas características é o Epic Exclusive House, com entrega prevista para setembro deste ano.
Brasil é líder no setor
Passo Fundo segue uma tendência nacional – mas nem sempre foi assim. Um estudo da Universidade de Passo Fundo (UPF), publicado em 2018, mostrou que a construção sustentável ainda era um paradigma a ser quebrado no norte do Estado.
A pesquisa analisou as práticas de 12 construtoras e constatou que as práticas ambientais ainda esbarravam nos custos altos desses projetos e não havia uma verdadeira "assimilação" do conceito na cidade. Menos de cinco anos depois, o setor parece tomar rumo diferente, com mais empreendimentos nessa área.
Agora, já é possível observar o aumento na procura por características sustentáveis na construção civil. Segundo Cristiano Basso, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sinduscon) de Passo Fundo e Região, houve uma evolução em todas as construtoras da cidade, que passaram a buscar cada vez mais a redução de impactos e substituição de materiais.
— Tivemos uma evolução nas construções sustentáveis. Chamo atenção para a troca de materiais metálicos por de madeira nas lajes e o menor uso de argamassas, com aumento das paredes em drywall. Essa é uma tendência que o Brasil deve começar a seguir porque são obras mais fáceis e rápidas, além de sustentáveis — adianta Basso.
Com o avanço dos debates sobre mudanças climáticas, esse parece ser um comportamento global. Um estudo da organização Green Building Council, dos EUA, apontou o Brasil como o quinto país no mundo com mais construções sustentáveis. No ano passado, eram 1,2 mil unidades verdes no país, em fase inicial e de operação.