Música alta, bebedeiras, imprudências de trânsito, confusão e lixo têm incomodado os moradores do loteamento Central Park em Passo Fundo. O projeto ficou pronto há dois anos e, desde então, jovens se reúnem nas ruas do local para beber, ouvir som alto e disputar “rachas”, relatam moradores.
Segundo pessoas que moram nas proximidades, as festas a céu aberto iniciam na sexta-feira à noite e só terminam na madrugada de domingo.
Vídeos gravados no último fim de semana mostram motoqueiros andando sem capacetes, veículos trafegando na contramão, competição de som automotivo além de jovens empinando e acelerando suas motos. Tudo regado ao consumo de bebidas alcoólicas.
Contudo, além da perturbação de sossego, a comunidade reclama da insegurança na região, visto que frequentemente acontecem brigas e confusões no local.
O caso mais recente ocorreu por volta das 18h de domingo (30), quando um adolescente de 16 anos ficou ferido após ser baleado com cinco disparos de arma de fogo. Em maio do ano passado, um jovem de 22 anos foi morto a tiros no local.
Os moradores pedem que a fiscalização aumente no loteamento, mas dizem não receber resposta. Ainda segundo um morador, que pediu para não ser identificado, o espaço preferido dos frequentadores é a praça do loteamento, onde diferentes grupos ficam concentrados.
— Temos família com crianças que vão até a praça para desfrutar do espaço e acabam por ir embora por medo e insegurança. A praça do Central Park é para ser um lugar de lazer e preservação do meio ambiente, o que não acontece pois os atuais frequentadores deixam todo o seu lixo jogado por todo lado — disse.
O cidadão acrescenta que os indivíduos destroem e furtam mudas de árvores nativas. Por isso, são replantadas semanalmente. Além disso, furtam e danificam a iluminação pública das praças.
— Queremos criar um bairro modelo para morar e ter lazer, onde todos possam conviver e usufruir de sua infraestrutura. Mas temos que pedir consciência de preservação de todos. Neste momento, a situação é bem crítica — desabafa o morador.
O que dizem as autoridades
O comandante do 3° Regimento de Polícia Montada (3RPMon), tenente-coronel Marco Antônio dos Santos Moraes, afirmou que a Brigada Militar faz o policiamento no loteamento com ações esporádicas, mas que não tem como estar presente no local de forma permanente.
— Esse movimento dos jovens já se repetiu em outros pontos da cidade, cujos frequentadores buscam áreas dessa característica, com espaço amplo. Todavia, realizamos operações específicas nesses locais de aglomeração, ações que fazem parte da nossa rotina, não só quando somos acionados — completa.
Ainda segundo o tenente-coronel, o fato da região estar em fase de ocupação colabora para a ida dos jovens ao local. A situação deve diminuir à medida que o loteamento estiver 100% habitado.
O secretário municipal de Segurança pública de Passo Fundo, João Darci Gonçalves, endossa o discurso do comandante do 3°RPMon. Segundo ele, as autoridades municipais procuram atender todos os pontos de aglomeração e perturbação de sossego, mas não possuem condições de atuar permanentemente em todos locais.
— Infelizmente, o 'cobertor é curto'. Ademais, para realizar esse tipo de fiscalização precisamos estar acompanhados da Brigada Militar, medida que serve tanto para a segurança dos agentes públicos quanto dos indivíduos. Outro ponto é que, diante da força pública, eles cessam as imprudências. Sempre que observamos algo errado tomamos as medidas cabíveis — pontuou Darci.