Uma nuvem chamou a atenção de quem passava pela RS-153, entre Passo Fundo e Ernestina, na manhã desta quarta-feira (26). Em formato de funil, a nuvem lembrava um tornado e se desfez rapidamente no céu depois de ser registrada pelo casal Débora Tombini Mayer e Luiz Eduardo Kuhn, que dirigiam pela rodovia por volta das 9h.
— Vimos a formação do que parecia um tornado. Poucos antes já tínhamos passado por um vento bem alto na rodovia. Só deu tempo de fazer fotos com o celular e logo ele se desfez, foi questão de segundos — relata Débora.
As fotos foram analisadas por Francisco Eliseu Aquino, professor de Climatologia e Oceanografia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo ele, o registro possui características do início de um tornado. Mas o fato de não ter tocado o solo e não ter havido danos na região indica que o fenômeno não teve um desenvolvimento completo e, por isso, tratou-se apenas de uma nuvem com o mesmo formato.
— Ela teria que tocar o solo para ser um tornado. Nós analisamos as imagens de satélite nesse horário e vimos nebulosidade cruzando a região, mas não eram propícias para desenvolvimento de um tornado. A circulação atmosférica pode ter dado indícios que formaria, mas não havia ambiente para ele se desenvolver efetivamente — explica o professor.
Condições propícias para tornados
Segundo Aquino, o RS está localizado em uma região com características propícias para desenvolvimento de nuvens que possam gerar tornados. Essas em formato de funil se formam na base de algumas nuvens do tipo cúmulos-nimbos, associadas às tempestades com raios, ventos fortes, granizo e tornados, o que não ocorreu nesta quarta-feira (26).
O Climatempo identificou, porém, uma queda acentuada da pressão atmosférica sobre o Rio Grande do Sul durante o dia.
— Esta queda da pressão atmosférica facilitou a formação destas nuvens — analisa a meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim.
A mudança teve a ver com a formação de uma frente fria entre a região sul do Brasil, o Paraguai e a Argentina, além de um ciclone extratropical no litoral do Uruguai. Esses fenômenos devem repercutir no RS, com temperaturas mais baixas, nebulosidade e possibilidade de chuva, em especial no Norte e Noroeste.