Durante a tarde deste sábado (15), as famílias que integram a Associação Mãos Unidas participaram de atividades lúdicas e receberam sacolas de alimentos, lanches e doces para as crianças. De acordo com a irmã Inês Sartori, uma das organizadoras, a programação foi pensada para reunir as famílias e proporcionar momentos de lazer, além de conversas e orientações sobre o Cadastro Único e outros programas sociais, por parte da Secretaria de Assistência Social (Semcas). O Projeto Tato, que realiza ações afetivas e solidárias desde 2015, também integrou o evento.
A Associação Mãos Unidas foi criada em setembro de 2021, com objetivo de ajudar os catadores de materiais reciclados a conseguirem mais subsídios para sua sobrevivência, além de orientar e encaminhar as famílias para programas sociais, em parceria com a Semcas.
Por meio do projeto, idealizado pela irmã Inês, os catadores recebem a doação de carrinhos para o trabalho de recolhimento de recicláveis, facilitando e otimizando as atividades. Vinte e nove recicladores já receberam carrinhos e mais irão receber nas próximas semanas. Cada carrinho custa R$ 1.700, pagos com doações da comunidade, da igreja Salvatoriana e empresários.
— Com os carrinhos eles não precisam carregar o seu material nas costas, podendo se organizar melhor para a coleta de materiais. A ideia é que eles possam ter seu sustento e saiam dessa situação precária. Uma das maiores dificuldades é o valor pago pelos materiais, que é muito baixo. O papelão custa 40 centavos o quilo, eles precisam carregar muitas vezes o carrinho cheio para conseguir ganhar R$ 40 por exemplo.
A Associação tem cerca de 30 famílias de catadores, trabalhando com o apoio da Igreja Salvatoriana, da comunidade em geral e da Secretaria de Assistência Social.
— Nosso objetivo é melhorar a vida e dar mais dignidade aos recicladores, que são pessoas abandonadas pela sociedade. Muitos não compreendem a importância e o benefício que os catadores fazem para a cidade, tirando o lixo das ruas e reciclando materiais que poderiam ficar no meio ambiente. O trabalho deles é fundamental — relata a irmã Inês, que atua há mais de 20 anos com grupos vulneráveis do município.
Dileta do Prado, 61 anos, vive de reciclagem há 30 anos, alguns deles trabalhando paralelamente como faxineira. Com a reciclagem, conseguiu cuidar dos filhos e agora dos netos em paralelo com o trabalho.
— Eu tinha filho pequeno e não conseguia trabalhar com horário fixo. Então para poder cuidar deles resolvi fazer reciclagem.
Ela participa da Associação Mãos Unidas desde a fundação e conta que a entidade a ajudou muito no trabalho de coleta.
— Eu saía com sacos pesados nas costas, sofria muito. Com o carrinho estou muito feliz e consigo me organizar melhor — afirma ela, que recebe em torno de R$ 600 mensais como catadora.
Evandro Mesquita, professor de capoeira e vice-presidente do projeto Mãos Unidas, conta que atualmente 20 crianças de vários bairros da cidade participam das oficinas de capoeira.
— Queremos mostrar para os pais e para as crianças que o mundo que eles vivem podem ser momentâneo, que existem outras possibilidades e a capoeira é uma delas, como ferramenta de inclusão e esporte. Pretendemos resgatar e dar oportunidade a estes pequenos e fazer com que os pais incentivem seus filhos a buscar outras possibilidades de sustento no futuro.
Roberta Weydmann, voluntária do Projeto Tato, disse que além de auxiliar na entrega de lanches e doces, o projeto fez seu trabalho principal, que é o acolhimento das famílias.
— Sempre que podemos estamos junto dos projetos e ações de várias entidades em todos os bairros da cidade.
O secretário de cidadania e assistência social, Saul Spinelli, destacou a importância do papel social dos papeleiros para o município.
— Além de obterem fonte para seu sustento por meio da coleta, essas famílias tem um papel social importante, que muitas vezes não é visto. Onde iriam os lixos recicláveis se não fosse o trabalho deles. Quando olhamos para o trabalho do projeto Mãos Unidas olhamos o resultado coletivo, que representa um grande impacto na sociedade. Essas pessoas poderiam arrumar emprego em outro local, mas não teríamos ninguém fazendo esse trabalho fundamental junto com as organizações.
Quem quiser contribuir com a Associação Mãos Unidas pode entrar em contato pelos telefones:
- (54) 99193-7609 - Estela Weschenfeleder, presidente da Associação Mãos Unidas
- 54) 99912-1807 - Irmã Inês Sartori
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