Um evento para encerrar o abril indígena e celebrar a cultura e herança de um povo ocorreu neste sábado (29), na aldeia Goj Júr, em Passo Fundo. A programação teve apresentações culturais, jogos de integração, mostra de artesanato, degustação de comida tradicional indígena e encerrou com um baile.
De acordo com o cacique, Jocemar Verá Mariano, a aldeia está instalada no local há quatro anos, com pessoas vindo de várias regiões, fugindo de conflitos, em busca do seus espaços.
— Como Passo Fundo foi construída em cima de terras indígenas, vimos este local abandonado, perto do rio e com lixão a céu aberto e entendemos como um chamado para cuidar do nosso rio, afinal Goj Júr significa rio nascente.
O cacique declara que a construção da aldeia no local, que fica na zona urbana do município e próximo à rodoviária, se deu após reuniões com indígenas e lideranças que estavam instalados às margens da BR-285.
— Nossa vinda para cá repercutiu muito na limpeza e no cuidado do rio do local, tanto que o proprietário desta terra acabou cedendo a área para a aldeia há um ano.
Conforme Mariano, são 86 índios, entre adultos e crianças que moram na Guj Júr e desde setembro de 2022 uma escola indígena estadual funciona dentro da aldeia.
— Antes, nossas crianças estudavam numa extensão da escola indígena de Água Santa e agora temos nossa própria escola onde 35 crianças estudarão, entre 4 e 16 anos, do ensino Infantil ao 9º ano do ensino Fundamental.
Com relação ao evento, o cacique relata que serve para mostrar que onde há povo indígena, há preservação da cultura. E defende a desconstrução de estereótipos:
— As pessoas acham que por ser índio temos de viver no meio do mato e de caça e pesca. Nossa realidade é diferente, temos que evoluir nosso pensamento, esta era a realidade de nossos ancestrais e ficou no passado. Hoje estudamos, trabalhamos e vivemos inseridos como qualquer outra pessoa na sociedade.
O evento encerrou com apresentação do grupo de danças da aldeia, formado por crianças.
GZH Passo Fundo
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