A paixão pelas regras de arbitragem faz com que Victor Miguel dos Santos, de 10 anos, viaje 60 km para acompanhar os árbitros em jogos do Ypiranga.
Natural de Charrua, no Norte do Estado, o menino cresceu tendo a arbitragem como inspiração. Isso em função de que o pai, Nilso dos Santos, sempre apitou competições amadoras.
No entanto, quando fazia o curso profissional da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), sofreu um acidente e precisou abandonar o sonho.
— Fiquei com sequelas na perna direita e não consegui correr. Com a limitação física, precisei parar. Acredito que nesse tempo consegui passar toda a minha paixão para o Victor. E mesmo sem influenciar, acho que, por ele conviver com isso, acabou gostando e se interessando mais — conta o pai.
Convivência com os árbitros profissionais
Em janeiro desse ano, Victor participou da pré-temporada da arbitragem, organizada pela FGF, em Flores da Cunha. Na ocasião, ele pôde ser arbitro mirim por alguns minutos.
Para o menino, a oportunidade foi mágica e despertou ainda mais a paixão pela profissão. Essa, aliás, é a que pretende exercer no futuro.
— Sei algumas regras. O meu pai me explica as mais fáceis, mas com o tempo vou saber todas. Eu sempre brinco de ser árbitro com meus amigos. Acho muito legal. Quero fazer cursos e me especializar — disse Victor.
Charrua não tem time profissional de futebol. O menino, acompanhado do pai, viaja cerca de 60 km até Erechim para acompanhar os árbitros que apitam os jogos do Ypiranga. Em 2024, já foram mais de 20 jogos entre Gauchão, Série C e Copa FGF.
— Como é o sonho dele, eu incentivo bastante, mas não posso esquecer que ele é uma criança e, no momento, é uma brincadeira. Sempre oriento ele a ir bem na escola para depois decidir a profissão. Acho difícil ele mudar de ideia, mas o mais importante é ele ser feliz brincando — ressalta o pai.
Maiores exemplos
A diversão de Victor é conversar com os árbitros nos corredores do Estádio Colosso da Lagoa. Ele coleciona fotos e cartões dos profissionais. Todos são especiais para ele. No entanto, três estão entre os favoritos: Rafael Klein, Tiago Diel e Leandro Vuaden, hoje presidente da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol (CEAF/RS).
— Se você perguntar para uma criança o que ela quer ser no futuro, a maioria vai responder jogador de futebol. O Victor é exceção. Ele vive nesse meio, mas quer ser o que poucos querem. Então, pra mim, que já tive esse sonho, é muito gratificante — destaca o pai.
Até completar 18 anos (idade mínima) e realizar o curso de arbitragem, Victor seguirá os passos do pai, brincando e apitando jogos amadores.
— Fico muito feliz vendo os árbitros e assistindo os jogos — destacou Victor.