Somente uma vitória poderá tranquilizar Thiago Carvalho. Desde que chegou ao Ypiranga, em 5 de fevereiro, o treinador vive dias sob pressão para melhorar o desempenho da equipe e livrar o Canarinho de um possível rebaixamento no Gauchão — que poderá marcar negativamente o ano em que comemora o seu centenário de fundação.
Em seis jogos à frente da casamata do Ypiranga, Thiago soma cinco empates e uma derrota. Desde que chegou não teve tempo para descontração. Muito pelo contrário. Foram dias de muito trabalho. E agora mais ainda. O clube de Erechim chega na última rodada do Gauchão ameaçado de rebaixamento. Para se salvar, depende apenas de si: precisa vencer o Brasil de Pelotas, no sábado (2), em partida que acontece às 16h30min, no Estádio Colosso da Lagoa.
Com nove pontos na tabela de classificação, o Canarinho ocupa a 10ª colocação. Um ponto à frente da zona de rebaixamento e um atrás do G-8. Portanto, a vitória é fundamental para quem sabe, até sonhar com a classificação às quartas de final do Estadual, mas principalmente para evitar a queda à Divisão de Acesso, competição essa que o clube é o maior campeão com cinco títulos.
A reportagem de GZH conversou com exclusividade com o treinador Thiago Carvalho, que comentou sobre o momento decisivo que ele e o grupo de jogadores estão vivendo na véspera de uma partida tão importante para o Ypiranga. Mas antes disso, o comandante convocou os torcedores auriverdes a apoiarem a equipe no sábado.
— A torcida do Ypiranga sempre apoia e eu tenho certeza que nesse jogo será fundamental o apoio deles. É um momento que a gente vem tentando sair dele desde a minha chegada aqui e trabalhado bastante, mas infelizmente ficou tudo para a última rodada. Nesse sábado será o nosso jogo principal, espero o apoio de todos, que todo mundo possa pensar positivo e apoiar os jogadores dentro de campo, para que a gente possa fazer bonito e vencer para nos livrarmos do rebaixamento — destacou.
Confira a entrevista com Thiago Carvalho, treinador do Ypiranga
GZH: Sábado será um jogo histórico, ano do centenário. Não é do jeito que os torcedores imaginavam. Qual é a expectativa para o confronto diante do Brasil de Pelotas?
Thiago Carvalho: Todo mundo esperava algo diferente, mas no futebol às vezes as coisas não acontecem. É o primeiro campeonato do ano, começou a Copa do Brasil, temos a Série C, então pensando nesse primeiro campeonato, temos que deixar o Ypiranga onde a gente pegou, na primeira divisão. Após isso, tem muitas coisas para acontecer. Eu acredito muito no que eu vi aqui no Ypiranga, no trabalho de todos, acredito que o ano ainda pode ser maravilhoso, mas de fato, vencer esse jogo para primeiro sair da situação e depois trabalhar para que coisas melhores possam vir durante o ano.
Existiu alguma cobrança ou pressão por ser o ano do centenário?
Eu acho que essa expectativa é muito da diretoria, dos torcedores, que de fato é legal ter o centenário e querer conquistar algo nele. É algo que fica marcado, mas não vejo isso aqui dentro de campo, dentro do nosso ambiente de trabalho, por parte dos jogadores ou da comissão. A gente vem trabalhando porque precisamos sair dessa situação, que não é boa, mas não por causa que é o centenário. Enfim, estamos no Ypiranga, um clube grande, que nos dá totais condições de trabalho e é nisso que estamos focados. Sempre para darmos o nosso melhor e representar o clube da melhor maneira possível. Independentemente de ser centenário ou não, nós sempre iremos querer o melhor e buscar por coisas maiores.
Você acredita em G-8?
Olha, sinceramente, não é o meu pensamento agora. Temos uma oportunidade matemática sim, mas não é o meu desejo de momento. O meu desejo nesse momento é de sair da parte de baixo de qualquer jeito. Óbvio que isso acontecer seria algo legal, mas a minha expectativa e meu foco é para que a gente não caia.
Como você imagina que o Brasil venha para o jogo?
O Fabiano Daitx tem um sistema de retranca muito bom, ele faz isso com muita qualidade. Então, o Brasil é um time que vai marcar muito, faz bastante bola na área e bastante bola longa, e faz tudo isso com qualidade. Estamos estudando e já sabemos mais ou menos como é, já enfrentamos algumas vezes o Fabiano, então temos ideia um pouco do que é feito. É difícil, óbvio, jogar contra um time retrancado, principalmente no sentido que precisamos vencer, então teremos que propor o jogo e ter paciência, não se desesperar, porque por mais que você quer conquistar a vitória e vencer, não é de qualquer jeito que isso acontece.
Tem alguma providência especial para essa semana?
Eu falo para os atletas que estamos trabalhando bastante, vejo que eles estão trabalhando muito. Vou melhorar o que tem que melhorar nesses dias e ver no que estamos pecando dentro de campo. Falo muito que quando você faz as coisas certas uma hora vai dar certo, então, estamos vindo nessa caminhada tentando fazer todo mundo crescer, todo mundo melhorar, se fechando com cobrança, mas sempre confiando no que a gente pode fazer. Eu particularmente acho que alguns detalhes estão fazendo a diferença nos jogos, somente as oportunidades que a gente vem criando não estão sendo finalizadas em gol. É algo que a gente precisa nessa decisão: ser fatal. Precisamos melhorar essa última bola, essa penúltima também, o passe, para que a gente possa, de fato, fazer um bom jogo e vencer.
Da tua chegada até aqui, foram seis jogos sob o teu comando, sendo cinco empates e uma derrota. Embora tenha avançado na Copa do Brasil, se sente pressionado em busca da primeira vitória?
É uma pressão minha. Com certeza ninguém vai fazer eu me sentir mais pressionado do que eu mesmo, porque faz parte do meu trabalho. A gente vem empatando muito e é sempre por detalhes. São coisas que poderiam ter sido bem diferentes, poderiam ter sido bem mais vitórias do que empate. Enfim, então é uma cobrança minha, é um desejo, faz parte do rendimento do meu trabalho. Eu preciso, necessito vencer junto com os atletas.
Gedeílson virou ídolo no clube na lateral direita. Por que a insistência nele pela esquerda após a lesão do Foguinho? Improvisos não prejudicam o time e o grupo?
Na verdade, o Gedeílson foi para a esquerda porque os meus dois laterais estavam lesionados. O Guilherme acabou de voltar, fez dois treinos e dei a continuidade no Gedeílson por causa dessa sequência de trabalho e não sabia como o Guilherme ia responder. De fato eu não gosto de improvisar. Foi uma situação atípica que não tinha um jogador na posição e ele está conseguindo responder dentro do possível porque é difícil jogar na posição contrária, mas ele é um atleta que tem qualidade, então consegue se virar bem, mas foi mais uma necessidade colocar ele na esquerda.
Agora com a volta do Guilherme, já pensa em colocar ele para o jogo de sábado ou pretender manter o Gedeílson pra dar sequência ao trabalho?
Para ser sincero, é uma situação que venho pensando muito nisso. Tem alguns fatores que entram dentro dessa escolha, que é deixar um time alto quando o Lucas está em campo, que é algo que faz diferença no Gauchão. Então eu estou pensando em tudo, ainda não decidi o que vou fazer. O Guilherme já treinou bem, então entrou um pouco no jogo. A gente vai poder treinar todos pra poder tomar a melhor decisão.
A variação nas escalações tem maior origem na falta de opções por grupo curto ou lesões ou na tentativa sua de buscar o melhor time?
Na verdade, a gente já começou a dar continuidade para alguns jogadores. Quando eu cheguei, falei que iria dar oportunidade para todos. Alguns foram bem e ficaram na posição, outros voltaram e eu estou tentando achar os atletas que melhor fazem o que eu quero, mas eu confio e acredito muito no grupo. Não acho que um time forte é feito com determinados jogadores, então se uma característica faz diferença eu vou pôr no campo, eu sou um cara que tenta usar todos da melhor maneira possível. A gente vem tentando e sempre espera muita resposta deles.
Este é o elenco mais caro que o clube já montou. Você não teve participação na montagem, mas agora, analisando de dentro, quais setores do time estão mais carentes? Já tem conversado projetando a Série C?
A questão de montagem de elenco, de fato eu tenho uma ideia de jogo e sei das características que eu preciso em cada posição. Quando eu chego num clube que eu não participei da montagem, óbvio que tem alguns atletas que eu não sei se iriam se encaixar. A ideia minha sempre é estar trazendo atletas que conseguem fazer o que eu quero, isso é normal, facilita um pouco o jogo, por eles já ter essa qualidade. Então, a gente vai pensar muito. Eu ainda não conversei com diretoria sobre isso, sobre contratação, sobre saída, são coisas que a gente precisa pensar num pós-campeonato. O foco total é o Brasileiro, tem a Copa do Brasil nos próximos dias, então será esse o elenco e com eles precisamos vencer esses jogos.
Tem projeção de remontagem para a Série C?
Remontagem não, mas jogadores podem chegar, é normal o clube querer se reforçar para a Série C, que é mais pesada ainda, que exige um elenco um pouco mais competitivo, então acredito que de fato vai acontecer chegadas sim.