Em Ijuí, no noroeste gaúcho, os usuários da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) vivenciaram uma experiência diferente nesta Páscoa: estão tendo oficinas para produzir os seus próprios ovos de chocolate.
A iniciativa acontece através de uma ação da Apae e de uma escola de gastronomia voluntária. Em 54 anos da entidade em Ijuí, essa é a primeira vez que os alunos têm a oportunidade de conhecer uma cozinha profissional. Mais que produzir os doces, o objetivo é promover a inclusão e desenvolver habilidades nos usuários.
— Esse tipo de ação é tudo que nós sonhamos enquanto Apae, é justamente aquilo que a gente luta tanto enquanto profissional, que é para que essa inclusão tão falada e escrita nas leis aconteça de fato. É isso que a Apae deseja: que os alunos possam estar aonde desejam estar — disse a diretora da Apae de Ijuí, Magali Chimelo Franco.
Nas oficinas, os usuários passam por todas as etapas essenciais às cozinhas profissionais, como higienizar as mãos, usar touca de proteção e seguir as orientações do chef. A tarefa é produzir ovos de Páscoa passo a passo, desde a preparação do chocolate até colocá-los no formato ideal e preencher com o recheio.
As oficinas acontecem até quarta-feira (27), quando o coelho da Páscoa fará uma visita à Apae de Ijuí. Na ocasião, ele presenteará os alunos com os doces confeccionados durante as oficinas.
— Esse trabalho foi uma experiência espetacular para nós também. Estamos muito felizes e com certeza teremos outros eventos e outras dinâmicas a partir de agora — disse o proprietário da escola de gastronomia, Reinaldo de Oliveira Farah.
Autonomia e resultado
Quem acompanha de perto cada evolução é o professor Marco Aurélio de Souza. Segundo ele, a proposta tem vários significados, a começar pelo desenvolvimento dos alunos da Apae.
— A gente vem com o trabalho de autonomia dos alunos com deficiência. Trazê-los para cá, para esse ambiente diferente, e ter a culinária como ferramenta para o desenvolvimento acontecer, é extremamente importante — reiterou.
Além de aprender uma habilidade nova, quem colocou a mão na massa teve a oportunidade de conhecer novas possibilidades e até fazer planos para o futuro.
— Eu quero ser cozinheiro, né? Eu gostei de vir aqui, queria fazer o meu próprio restaurante. (Quando isso acontecer) Vou fazer uma galinhada, carreteiro, arrozinho, feijãozinho... — conta Weslley Alexander Carpe Guterres, um dos usuários da Apae de Ijuí.
— Na cozinha eu gosto de fazer um docinho, brigadeiro também, doce de leite, chocolate quente... Eu vou comer brigadeiro e dividir com a minha família — completou a também usuária Daiane Haiski, sobre o que aprendeu nas oficinas.