Por trás das vestimentas gaúchas que abrilhantam o mês de setembro estão mãos experientes que planejam cada favo e costura das peças. Em Passo Fundo, no norte do RS, o talento das costureiras alimenta um mercado internacional de trajes gaudérios, exportando peças para países como Chile, Estados Unidos, França e México.
Na área das bombachas, a dona Amélia Oliveira, 76 anos, acumula quatro décadas de experiência, com clientes fixos em diferentes estados e países. Em época de Semana Farroupilha os pedidos aumentam e a costureira implementa uma rotina de trabalho das 5h às 22h.
— Eu vou aceitando as encomendas, não deixo ninguém sem bombacha. A cada dia eu tenho umas cinco para entregar, para a nossa região e também para o Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Mando tudo sob medida e até hoje ninguém reclamou, os clientes dizem que ficaram mais bonitos ainda — brinca Dona Amélia.
Inspirada por uma vizinha costureira, Amélia entrou no ramo com o desejo de fazer bombachas diferentes das convencionais e com bom acabamento. O talento aprimorado ao longo dos anos lhe rendeu a fama dos favos bem feitos e alinhados:
— O segredo está na padronização dos favos, faço cada uma das pregas e espaços à mão. Já tive algumas ajudantes, mas hoje trabalho sozinha para garantir o padrão. E me divirto bastante, sou feliz na minha rotina e no jeito de tratar meus clientes, não vou parar tão cedo — garante a costureira.
Vestidos de prenda para todo o Brasil
O comércio dos vestidos de prenda também movimenta a economia na cidade. Junto de cinco ajudantes, a dona Eva Marina Pinzon, 74, já entregou mais de 150 vestidos só neste ano.
A maioria das prendas a procuram para trajes de apresentações e invernadas, mas também há interesse em vestidos para bailes ou concursos individuais.
A inspiração, segundo ela, veio ao confeccionar um vestido de debutante para a filha mais velha usar em um sarau de prendas, há cerca de 40 anos. A partir daí, começaram a surgir as encomendas e ela nunca mais parou.
Entre a clientela, as encomendas vão para todo o Brasil e até para países vizinhos, com o Chile.
— Nós trabalhamos com sonhos, são momentos especiais que elas querem usar o vestido. Trabalhamos com amor, dedicação e carinho para sempre tentar atender todas as expectativas das nossas clientes e deixar elas lindas. Realmente adoramos nosso trabalho — finaliza.
Por serem peças feitas sob medida e artesanalmente, os valores agregam a mão de obra e o custo de desenho das peças. No caso das bombachas, Dona Amélia cobra uma média de R$ 450 por modelo, a depender do tecido escolhido pelos clientes.
Já os vestidos de prenda podem variar entre R$ 600 e R$ 2 mil, considerando as rendas, aviamentos e se o traje foi desenhado pelas estilistas de Dona Eva. O investimento é a garantia de peças únicas para eventos não só da Semana Farroupilha, mas mundo afora.