A energia solar é a segunda maior fonte de energia no Brasil. Conforme a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em março de 2023 o Brasil contava com mais de 26 gigawatts (GW) operacionais. Em 2020, eram 8 GW. No ranking dos Estados que mais consomem energia solar, o Rio Grande do Sul ocupa a terceira colocação, atrás somente de São Paulo e Minas Gerais.
Para contribuir com o desenvolvimento sustentável de energias renováveis, o Sicredi tem destinado recursos e atenção para iniciativas sustentáveis, com foco na energia fotovoltaica (solar).
Nesse contexto, o Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG atua para fomentar, aos mais de 60 mil associados, a busca por soluções ecológicas. As linhas de crédito para a aquisição de unidades de geração fotovoltaica são um exemplo.
Conforme o gerente da área de Ciclo de Crédito, Landeilan Calgaroto, se somados os montantes desde 2018, quando iniciaram financiamentos a projetos de energia solar, já foram mais de R$ 92 milhões disponibilizados. Esse valor contemplou 1.610 projetos – sendo 1.210 para pessoas físicas (R$ 36 milhões) e 400 para pessoas jurídicas (R$ 56 milhões).
O Sicredi oferece uma linha de crédito específica para energia solar, destinada a projetos elaborados por empresas especializadas, como também para os equipamentos, placas e acessórios, com taxas acessíveis.
Na entrevista a seguir, o diretor de operações do Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG, Valdeci Nardi, explica questões referentes à preocupação socioambiental da instituição e como funcionam os financiamentos. Confira:
O que levou o Sicredi a oferecer linhas de crédito para financiamentos de energia solar?
Vamos começar a falar de Deus. Ele nos presenteia todos os dias com um sol maravilhoso, às vezes está um pouco nublado, mas tudo isso de graça, sem custo nenhum. No momento econômico em que vivemos, muito se fala de custos de gastos e investimentos. E nós temos o sol todos os dias. Olhando por esse viés, para um cenário em que a energia fotovoltaica é uma forma de energia renovável que transforma a luz solar em eletricidade, temos vários benefícios.
Podemos citar a redução dos gases de efeito estufa e a independência da energia não renovável, que tem um papel importantíssimo na transição energética do nosso país. Portanto, entramos nesse mercado porque está alinhado aos nossos princípios, ao nosso propósito e ao nosso valor.
Quais os benefícios de quem opta em aderir a energia renovável?
Além de a energia ser gratuita, os benefícios estão diretamente ligados ao bolso do associado. E aí entra o Sicredi, contribuindo com a parte financeira para que o associado possa fazer um investimento para longo prazo que compense no bolso. Ou seja, a partir do momento que alguém instala um projeto de energia fotovoltaica, ele deixa de pagar para a distribuidora de energia para usufruir da sua própria geração. Olha que bacana!
Gerar sua própria energia para redução de gastos mensais, neste momento econômico que vivemos, é fantástico. É preciso dizer, ainda, que a viabilidade econômica de um projeto fica em no máximo cinco anos. Nesse período, se pagou o investimento gasto para instalar as placas e os inversores, que duram, respectivamente, cerca de 25 e 15 anos. Ou seja, após cinco anos, o que eu conseguir gerar de energia é gratuito. Não vou ter desembolso de nada porque o investimento já terá sido pago.
Como tem sido a procura por essa modalidade?
Até dezembro nós tínhamos uma legislação que proporcionava benefícios. Então a procura por energia fotovoltaica até aquela data foi muito mais significativa do que está hoje. É importante trazer um pouquinho de números. O sistema Sicredi tem R$ 6 bilhões emprestados só para energia fotovoltaica, aplicados em praticamente 140 mil projetos no Brasil.
Quer dizer que o Sicredi é responsável por mais de 16% de toda a energia solar gerada pelo Brasil por meio de incentivo dos nossos associados e das nossas comunidades. E é importante dizer que nós desenvolvemos e criamos linhas de crédito atrativas para associados residenciais de até R$ 30 mil reais, que é o valor que se gasta justamente com o prazo e com as taxas específicas que venha beneficiar isso.
E como proceder para aderir a esse tipo de linha de crédito?
Existem empresas que vendem placas solares e inversores. Elas têm engenheiros responsáveis que cuidam dos projetos. Então, é preciso pegar uma cópia do consumo mensal dos últimos três meses, por exemplo, e levar nesses estabelecimentos. A partir daí, esse profissional vai fazer uma avaliação de qual é a capacidade de placas e de inversor exclusivamente para o ambiente do cliente, seja residencial ou empresarial. Com esse projeto na mão é que o associado procura o Sicredi.
Quais são as linhas de crédito voltadas à energia renovável?
Temos a já mencionada, de até R$ 30 mil para residência, que pode ser paga em até 96 meses. É interessante que definimos, nessa linha, conceder carência de 12 meses. Só que nem todo mundo quer esse tempo. Grande parte prefere pagar antes. Não dá para engessar muito as linhas de crédito e os prazos, porque os associados têm necessidades e interesses diferentes. Mas em até 96 meses é possível financiar projetos. Tem outras alternativas, seja de sete anos, com taxa fixa e pós-fixada. E aí essas taxas variam bastante de acordo com o associado e o risco de cada um, que é como trabalha o mercado financeiro.
Há previsão de novas linhas ou de se trabalhar com outras fontes de energia?
No momento, o incentivo está na energia fotovoltaica. Mas o Sicredi nasceu há mais de 120 anos, eu estou aqui há mais de 34. Sou do tempo em que a instituição financiava vaca de leite e junta de boi. Era uma época em que energia elétrica não era tão comum no interior. Hoje, com essa possibilidade, há condições de qualquer produtor ter internet e energia fotovoltaica.
O Brasil é campeão de energia limpa, comparado com outros países. Segundo a Absolar, mais de 60% da energia gerada no Brasil é hidroelétrica, também considerada energia limpa. A energia eólica é limpa, a fotovoltaica também. Então, o consumo e geração de energia limpa no país está à frente de muitos países.
Essa postura de apoiar energia sustentável pode estimular outros agentes financeiros a fazerem o mesmo?
Eu diria que todo o sistema financeiro hoje tem contribuído para apoiar a energia fotovoltaica. Alguns mais, outros menos. Os números do Sicredi, como mencionado, passam de 16% de toda a energia. Isso mostra por si que, de diversas instituições financeiras do Brasil, temos uma fatia de incentivo considerável. Esse é nosso papel.