
Com sambas-enredo sobre a cultura cigana e arte circense, as escolas de samba Acadêmicos do Chalaça e União da Vila voltam a desfilar pela Avenida Sete de Setembro no Carnaval de Rua de Passo Fundo, no norte do RS. O desfile está programado para 16 de março, em frente ao Parque da Gare.
Neste ano, o evento acontece em parceria com a prefeitura de Passo Fundo, que publicou um chamamento público em janeiro para reunir as escolas interessadas em participar da festa. O edital prevê verba de R$ 150 mil para a organização das escolas, montagem dos figurinos e de outras alegorias do desfile.
Inicialmente, a expectativa era que três escolas participassem do desfile. No entanto, a Academia de Samba Cohab I não entrou no edital após problemas documentais na Receita Federal. Com isso, a escola decidiu ficar de fora da programação e os membros foram liberados para participar em outras escolas.
Segundo o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liespf), Felipe Machado, neste ano as fantasias e alegorias utilizadas na apresentação estão sendo alugadas de escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro.
— As escolas de São Paulo e do Rio de Janeiro utilizam as fantasias em seus desfiles, que acontecem neste fim de semana, e as fantasias são enviadas para nós na sequência. Ao todo, serão cerca de 300 fantasias alugadas, além de uma alegoria grande que será usada no carro — adiantou o presidente.

Segundo Machado, somente após a assinatura do contrato com a prefeitura é que a montagem do carro alegórico inicia. A expectativa é que a assinatura do contrato aconteça até 20 de fevereiro, o que possibilitará a disponibilidade dos recursos. Enquanto isso, a preparação segue: o que não é alugado será produzido em Passo Fundo, por profissionais da cidade.
— Por exemplo, as confecções para as baterias são feitas aqui por costureiras locais. O carro alegórico também é feito e ajustado aqui na cidade. Somente o mais grosso acaba vindo de fora — pontou.
Conheça os sambas-enredo das escolas de Passo Fundo
Acadêmicos do Chalaça e o povo cigano
Neste ano, a Escola de Samba Acadêmicos do Chalaça entra na avenida com a proposta de samba-enredo "Santa Sara: Rogai por Nós! Salve o povo cigano!". Machado, que também é presidente da escola, conta que a escolha do samba-enredo aconteceu em conjunto com a diretoria, que analisou alguns dos temas apresentados.
— Chegaram alguns temas para nós; um tema afro, outro com temática mais social e um sobre o povo cigano. Foram analisadas todas as sinopses e a diretoria optou a temática cigana para esse ano. A escola vai vir bem bonita, o samba é empolgante — conta o presidente.
Ao todo, o desfile deve reunir cerca de 250 integrantes na avenida neste ano. Segundo o presidente, a comunidade local que acompanhar o desfile vai encontrar uma mistura de festa cigana com o popular carnaval.
— Será uma explosão e mistura de cores, uma festa cigana com a nossa festa de carnaval. Será uma junção, as coisas típicas do povo cigano com o carnaval. Vamos fazer uma grande festa do carnaval, com muita alegria e cor que é o que o povo cigano transmite — pontou.
União da Vila e o picadeiro da vida
Já a Escola de Samba União da Vila entra na avenida com o samba-enredo “O Circo da União da Vila, no Picadeiro da Vida”. Um dos líderes da escola, Edson da Rocha Correa, conta que a escola escolheu um samba-enredo na metade do ano, mas, em razão das limitações de recursos, optou por alterar e escolher o circo para desfilar na Sete de Setembro.
— O carnavalesco apresentou três temas e nós escolhemos um, mas como teríamos poucos recursos e não ia conseguir fazer o carnaval, decidimos trocar. Pegamos o tema-enredo de circo, que é um pouco mais prático para trabalhar, mas não menos bonito — explica Correa.
Segundo o líder da escola, o samba-enredo possui um duplo sentido e traz reflexões e discursões que a sociedade vive no seu dia a dia.
— Escolhemos falar de circo e sobre o picadeiro, pois ali as pessoas passam por desafios. Queremos mostrar que os desafios nos picadeiros são os mesmos que as pessoas vivem hoje na sociedade. Quem sobrevive com salário-mínimo, por exemplo, e tem que todo dia fazer um espetáculo pra poder sobreviver — pontuou.