Dormir com o penteado preparado, acordar cedo, acompanhar as agendas da invernada do CTG, ir à escola, aproveitar o intervalo para estudar para concursos e fazer aulas de tradicionalismo à noite: essa rotina apertada foi sonhada e conquistada pela adolescente Ana Clara Castaman Carniel, a 1ª prenda juvenil da 7ª Região Tradicionalista do Rio Grande do Sul.
Aos 15 anos, ela vive a sétima semana farroupilha como prenda, desde que passou a fazer parte da invernada do CTG Lalau Miranda em Passo Fundo, no norte gaúcho.
Entre os compromissos de setembro estão as participações nos tradicionais cafés de chaleira, apresentações em escolas e ensaios para os concursos regionais
— Com certeza é muito cansativo, mas quando a gente faz algo por amor, colhemos os mais lindos frutos. Setembro é um dos meus meses preferidos e muito esperado por nós, tradicionalistas, para mostrar nosso legado — resume Ana.
A dedicação já lhe rendeu cerca de 80 troféus e outras seis faixas de concursos locais e regionais de prenda. Essa trajetória tem apoio da família, que viaja junto da jovem para todos os cantos do RS nas disputas gaúchas.
— Nós viajamos junto, estamos sempre em função da Ana, visitando para várias cidades que recebem os concursos. Meu marido toca violão para ela declamar e eu ajudo nos relatórios e bastidores. A tradição para ela é tudo, nem festa de 15 ela não quis, só um sarau no CTG Lalau Miranda mesmo — comenta a mãe, Verônica Castaman Carniel.
Dedicação à cultura começou aos oito anos
Esse desejo de se dedicar à cultura gaúcha despertou em Ana aos oito anos, quando ela quis se preparar para concorrer a faixas e troféus. A mãe lembra que ninguém da família tinha esse costume, mas que desde muito nova Ana pediu para frequentar o CTG:
— Desde os cinco anos a Ana queria dançar, mas eu sabia que era algo que requeria compromisso, dela e de toda a família. Ela insistiu até os oito anos, quando levamos no Lalau Miranda e ela entrou na turminha pré-mirim. Já no primeiro ano ela se envolveu em todas as músicas apresentadas e já queria conquistar as faixas de prenda.
Mas participar das turmas de dança não foi o bastante para a pequena. Aos nove anos ela já conquistou o segundo lugar como prenda mirim do CTG Lalau Miranda, o que serviu de combustível para ela participar de novos concursos até conquistar o primeiro lugar.
— Tudo que envolvia nossa tradição sempre me chamou a atenção. A minha maior vontade era participar das invernadas artísticas já que sempre gostei de dançar, porém, minha curiosidade não se conteve e acabei adentrado ao departamento cultural e individual, tudo isso por minha vontade — lembra Ana.
Futuro título estadual
Atual prenda juvenil da 7ª Região Tradicionalista, Ana buscará em maio do ano que vem a faixa estadual. Até lá, a rotina seguirá puxada com estudos e treinos. Na disputa, Ana deve concorrer com outras 29 meninas de 11 a 16 anos, que representam suas regiões.
— Eu sonho com esse título há mais de cinco anos e agora vivo inteiramente por isso. Essa faixa não é apenas um “couro” para mim, mas sim o simbolismo de todas minhas memórias e dedicação por essa cultura. Claro, tenho outras metas que pretendo conquistar, entre elas é ter um bom desempenho na declamação do Enart feminino, que já será realizado apenas em pisar naquele palco aos 15 anos.
No concurso estadual, é preciso passar por provas artísticas e de conhecimentos sobre o Rio Grande do Sul. Por isso, Ana dedica seu tempo livre a aulas de preparação sobre geografia, história e tradicionalismo. O empenho da filha orgulha e emociona a mãe, que dá suporte para que a jovem atinja seus objetivos dentro da cultura gaúcha:
— Quando estou na plateia, vejo como as outras prendas seguem o exemplo da Ana. Aos 15 anos ela se tornou exemplo para as prendinhas, ouço dizerem que querem ser como ela. Escutar isso, que tua filha está servindo de exemplo, é grandioso, enche a gente de orgulho — finaliza Verônica.