A comunidade muçulmana em Passo Fundo, no norte do RS, comemora o Ramadã, período sagrado dedicado a orações e jejuns, até 8 de abril. A celebração acontece sempre no nono mês do ano da religião islâmica, que tem o calendário regido pelo calendário lunar, com 354 ou 355 dias.
Para os muçulmanos, o mês é sagrado pois foi o período em que os primeiros versículos do Alcorão foram revelados ao profeta Maomé há mais de 1,4 mil anos. Assim, os islâmicos devem realizar orações e jejuar do nascer ao pôr do sol.
Em Passo Fundo, a comunidade islâmica varia de 600 a 700 pessoas, conforme estimativa do líder religioso Radawan Jehani. Segundo ele, houve redução por volta de 2022 devido à saída de migrantes da cidade. Até 2015, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a comunidade tinha cerca de mil membros.
— Na época, muitos migrantes acabaram deixando a cidade e foram para outros países. Como são migrantes, eles acabam viajando de tempos em tempos para países e cidades diferentes — explica.
Justamente por causa do tamanho da população islâmica em Passo Fundo, não há uma programação especial realizada na cidade. Contudo, as mesquitas ficam abertas para a expressão religiosa ou encerramento do jejum dos peregrinos. Em um templo da cidade, localizado na Rua Quinze de Novembro, na Vila Luiza, há uma oração coletiva nas sextas-feiras, tradicional dentro da religião.
Intensidade e intenção nas orações
Segundo o membro da comunidade islâmica de Passo Fundo e estudante de psicologia Amir Read Barakat Jabr, 26 anos, a única diferença do Ramadã para outros meses do ano é a intensidade da prática entre os muçulmanos.
— Quem trabalha, estuda ou faz qualquer outra atividade deve seguir seu dia normalmente. Ao final do pôr do sol, no horário da oração, o muçulmano deve quebrar o jejum. Neste momento, é recomendado que o faça com tâmaras e, caso não tenha esta fruta, pode desjejuar bebendo um copo de água — detalha Amir.
O objetivo, ao fim do mês, é que os fiéis se tornem pessoas capazes de praticar o bem e se afastar do mal.
— O Profeta Maomé dizia que o jejum era um abrigo contra os maus hábitos. Ele recomendava aos fiéis que evitassem brigas e discussões e que ficassem longe de pessoas encrenqueiras neste período, como parte da adoração. Tudo aquilo que torna o humano refém dos seus desejos e paixões acaba afastando-o do caminho de Deus, pois impede o fiel de enxergar qualquer coisa além de suas próprias vontades — pontua.