Mais de 430 mil candidatos concorrem neste domingo a uma das 58 mil cadeiras que serão preenchidas nas Câmaras Municipais de todo o país. No Rio Grande do Sul, são 26 mil postulantes a cerca de 4,9 mil vagas nos Legislativos locais. Trata-se de uma definição que merece uma escolha criteriosa e consciente do eleitor, a exemplo da disputa pelas prefeituras.
Trata-se de uma definição que merece uma escolha criteriosa e consciente do eleitor, a exemplo da disputa pelas prefeituras
A eleição para vereador, bem como para deputados estaduais e federais, não costuma provocar tanto interesse da população que vai às urnas na comparação com os cargos do Executivo. Além de ser mais diluída, pelo grande número de postulantes, fica distante de despertar as mesmas paixões políticas das corridas a posições como presidente da República, governador ou prefeito.
O resultado desta atenção menor é que, com frequência, o eleitor escolhe um nome de última hora. Ou então se define por critérios que não são os adequados para a importância da função, como a sugestão de algum conhecido, o carisma pessoal, um slogan bem bolado ou mesmo pelo caráter pitoresco do candidato. São bastante habituais, ainda, casos de eleitores que nem sequer recordam quem sufragaram quatro anos atrás.
O vereador, no entanto, tem um papel fundamental. É tarefa do legislador formular e discutir leis, propor, acompanhar e aperfeiçoar políticas públicas, discutir e aprovar o orçamento municipal e fiscalizar os atos do Executivo. São atribuições que exigem preparo, conhecimento, espírito público e ética. O voto para vereador, portanto, não deve ser negligenciado. Quando isso acontece, perde o município.
Mesmo a dois dias do pleito, ainda há tempo para o eleitor cercar-se de informações úteis para firmar convicção e depositar um voto consciente. É preciso saber a trajetória, o histórico na vida pública, as ideias, as propostas, as pautas defendidas e os segmentos que o pretendente representa. Ademais, é relevante conhecer as limitações da função de legislador municipal. Pouco adianta, por exemplo, ter afinidade ideológica com um candidato se as atenções do postulante são voltadas apenas a temas em que um vereador não pode influir. Embora seja legítimo e lógico escolher pela similitude de pensamento, eleições municipais tratam essencialmente de questões locais. São aspectos da vida da comunidade que estão em jogo.
Um aspecto interessante é o de que, em 2024, o Brasil tem o menor número de candidatos nas eleições municipais em 16 anos. No Estado, eram cerca de 30 mil concorrentes à vereança em 2020. Agora, 26 mil. É o resultado de mudanças na legislação eleitoral que diminuíram a quantidade de partidos e limitaram o número de postulantes por sigla ou federação. Assim, dirigentes optaram pelos mais competitivos. A variedade menor de opções facilita a comparação e a escolha. Espera-se que também contribua, por consequência, para a formação de Câmaras de Vereadores com nominatas à altura do papel legislativo. Nas casas do povo são debatidos os temas mais relevantes para os cidadãos representados. É nos parlamentos, onde de forma plural estão retratados os mais diferentes segmentos da sociedade, que a democracia deve pulsar. Passar da teoria à prática depende de boas escolhas dos eleitores.