A exemplo do que fizeram os chefes dos três poderes da República no dia 21 de agosto, quando assinaram o Pacto pela Transformação Ecológica, lideranças do setor empresarial brasileiro divulgaram na última quarta-feira (28) um manifesto denominado “Por um pacto econômico com a natureza”, pelo qual também se comprometem com a causa climática. As duas iniciativas fundamentam-se nas recentes catástrofes ambientais que atingiram o país — as enchentes do Rio Grande do Sul e os incêndios na Amazônia, no Pantanal e em diversas unidades da federação — e estão focadas na COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém do Pará, em novembro de 2025.
Infelizmente, as pessoas menos informadas só começam a se preocupar com o meio ambiente quando são atingidas diretamente por algum evento climático extremo
O principal mérito desses documentos é o reconhecimento da urgência de envolver a população brasileira na agenda ambiental. Nem os governantes nem os empresários têm soluções prontas para problemas planetários que atualmente desafiam e ameaçam a humanidade. Mas a conscientização de que cada gestor público, cada empresa e cada cidadão pode fazer a sua parte pode ser o passo decisivo para a reversão da rota para a catástrofe anunciada por organismos internacionais, cientistas e especialistas em clima.
Ainda na última terça-feira (27), durante o Fórum Anual das Ilhas do Pacífico, em Tonga, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um alerta mundial sobre a elevação dramática do nível do mar nas próximas décadas, devido ao aquecimento global causado prioritariamente pela emissão de gases resultante da queima de combustíveis fósseis. A ameaça mais urgente recai sobre o sul do Oceano Pacífico, onde o nível do mar subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos, colocando sob risco a existência de nações inteiras. Mas cidades costeiras de todos os continentes, como o Rio de Janeiro, também podem ser incluídas na primeira linha de uma iminente catástrofe decorrente do derretimento das geleiras na Antártica e na Groenlândia, que provoca a elevação dos mares em todo o planeta. Por conta disso, a prefeitura de Nova York, onde o mar pode subir 26 centímetros até 2050, já começou a criar áreas gramadas para prevenir futuras inundações.
Parece distante, mas é muito mais próximo do que se pode imaginar. Infelizmente, as pessoas menos informadas só começam a se preocupar com o meio ambiente quando são atingidas diretamente por algum evento climático extremo, como aconteceu recentemente em várias cidades gaúchas. Tanto que as recentes pesquisas eleitorais sobre a expectativa de serviços públicos municipais já apontam a preocupação com enchentes em primeiro lugar, acima de tradicionais demandas como saúde, segurança e educação.
Neste contexto, é essencial que os cidadãos brasileiros se engajem nos compromissos assumidos neste mês de agosto por lideranças políticas e empresariais do país. Mais do que isso: é urgente que todos passem da teoria à prática, seguindo as orientações dos cientistas e das autoridades para que não apenas as atividades econômicas, mas também os hábitos cotidianos convirjam para a preservação ambiental.