A economia gaúcha ganha alento adicional em 2024 com a confirmação da Emater de que o Rio Grande do Sul deve colher neste ano um volume recorde de soja. O levantamento divulgado na terça-feira aponta que o montante produzido pode chegar a 22,2 milhões de toneladas, um acréscimo de 71,5% em relação ao ciclo 2022/2023. Deve ser lembrado que o Estado amargou uma sequência de três safras frustradas nos quatro anos anteriores por falta de chuva.
Colheitas fartas influenciam os números do PIB gaúcho de forma direta e indireta
Trata-se de uma informação auspiciosa não apenas para os agricultores. A soja é o principal produto da agropecuária do Estado. Colheitas fartas influenciam os números do PIB gaúcho de forma direta e indireta. Safras cheias movimentam outros setores, como o de transportes, disseminam resultados positivos no comércio das regiões por onde a cultura se espalha e também melhoram a demanda da indústria, especialmente a ligada ao agronegócio, como a de tratores, colheitadeiras, implementos e sistemas de armazenagem e irrigação. Assim, geram trabalho e renda para uma série de segmentos. Para as fábricas, a expectativa de juros menores ao longo do ano também pode ser um fator a ajudar na demanda. As exportações gaúchas, da mesma forma, tendem a ter um salto em 2024.
Só não há euforia dos produtores devido às cotações. Também conforme a Emater, o preço médio da saca de 60 quilos no Estado está abaixo de R$ 110. Um ano atrás o valor girava em torno de R$ 165. Mesmo assim, o resultado é significativo. Até porque, nas demais regiões produtoras do país, a colheita tende a ficar abaixo da do ano passado devido à umidade insuficiente nas lavouras. Por aqui, ao contrário, o excesso de chuva até atrapalhou o plantio, mas as precipitações nos meses seguintes beneficiaram as lavouras.
Confirmando-se as previsões divulgadas ontem na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, o Rio Grande do Sul deve assumir neste ano a condição de segundo maior produtor de soja do país, superado apenas por Mato Grosso. O Paraná, que usualmente tem a vice-liderança nacional, deve produzir nesta safra 21 milhões toneladas, estimou na semana passada o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão do governo paranaense. É um volume um quinto menor na comparação com o ciclo anterior. No país, a projeção atual da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção de 149,4 milhões de toneladas, 3,4% abaixo do obtido no ano passado.
O milho, por sua vez, deve ter um volume de produção da ordem 5,2 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. É um avanço de 31,5% ante a safra 2022/2023, mas o clima excessivamente chuvoso diminuiu o potencial de rendimento. O grão é de grande importância para a cadeia de proteína animal do Estado, por ser o principal componente das rações.
Outra notícia positiva vem do arroz. Não há um grande salto de produção. São as cotações que animam os produtores. A colheita deve chegar a 7,5 milhões de toneladas, um crescimento de 3,5%. A saca de 50 quilos, no entanto, é comercializada em média no Estado por R$ 107, contra R$ 85 um ano atrás.
No total, a safra de grãos de verão no Estado, incluindo-se o feijão, deve somar 35 milhões de toneladas, uma alta de 44% sobre o último ciclo. É um impulso que tende a espalhar influências positivas na economia gaúcha em 2024.