Por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB
Quarenta dias antes da Páscoa, a Igreja abre solenemente o tempo da Quaresma. Tempo de preparação para a celebração da maior festa da Igreja.
Com a Quarta-Feira de Cinzas se inicia um período de 40 dias – número que a bíblia associa a períodos de espera, de esforço, de penitência e luta contra o mal – em que os cristãos são chamados a assumir de forma ainda mais determinada o caminho da própria transformação em Cristo Jesus, por meio dos exercícios do jejum, da esmola e da oração.
A origem das cinzas usadas na liturgia tem seu significado: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar!”. A cinza é sinal da fragilidade de toda criatura, bem como da purificação e da ressurreição que por ela se produzem. Os discípulos de Jesus Cristo reconhecem a própria condição de criaturas mortais. Ao mesmo tempo, acolhem a experiência da morte, a exemplo de Cristo, pela renúncia de si mesmos, qual caminho de participação na vida que ressurge das cinzas.
Para viver ainda mais intensamente o período quaresmal, a Igreja do Brasil, desde 1964, promove a Campanha da Fraternidade
Para viver ainda mais intensamente o período quaresmal, a Igreja do Brasil, desde 1964, promove a Campanha da Fraternidade. É que o caminho quaresmal possui não só implicância pessoal, mas também comunitária e social.
“Fraternidade e amizade social” é o tema da Campanha da Fraternidade 2024. O que se deseja com tal temática? Reconhecer as situações de inimizade que geram divisões e violência; buscar luzes no evangelho capazes de resgatar o sentido das relações humanas baseadas no respeito e na reciprocidade do bem comum; promover esforços para uma mudança não só pessoal, mas também comunitária e social, qual caminho para a construção de uma sociedade mais fraterna, solidária, respeitosa, amiga e justa. Afinal, o outro é irmão e é constitutivo para a formação de um si estável.
Os exercícios quaresmais indicam um caminho para promover a união em torno da mesma fé, de que Deus “criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos” (papa Francisco).